Crítica: “Medo Profundo”

É interessante pensar que, mais do que bons (ou maus) roteiros, elenco de peso (ou nem tanto assim), o que costuma ser uma constante em filmes de suspense / terror é a total falta de bom senso de seus personagens. E talvez seja exatamente isso que consegue chamar a atenção do público, que já sabendo o que esperar, tem noção do grau de aproximação que conseguirá ter com o que se vê na tela.

Dirigido por Johannes Roberts (que também é um dos roteiristas, ao lado de Ernest Riera), “Medo Profundo” (47 Meters Down) não foge à regra e conta com as irmãs Lisa (Mandy Moore) e Kate (Claire Holt), que ignoram todas as pistas físicas/ materiais de que alguma coisa não daria certo e decidem fazer uma atividade vista como radical em sua viagem ao México: descer em uma espécie de gaiola ao fundo do mar, para literalmente, nadar com tubarões brancos.

Mas, o que era para ser uma descida de “apenas” 5 metros debaixo d’água, acaba se tornando um acidente de, como o título original indica, 47 metros de profundidade. É quando de fato começam os problemas das protagonistas – e a falta de ar dos espectadores.

Contando com um cenário bastante restrito (apesar da óbvia imensidão do mar, a câmera se foca basicamente no que acontece dentro da gaiola e ao seu redor, em momentos em que alguma delas sai do artefato em busca de um sinal em seus equipamentos de comunicação), o que dá um ar bastante claustrofóbico à produção.

A passagem de tempo, que leva consigo a reserva de oxigênio que elas têm em seus tanques é algo que me fez encolher na cadeira da sala de cinema. Pouco adianta saber que, quanto mais se agitassem, mais rápido a ar acabaria – aliás, como se convence alguém nessa situação pouco favorável a manter a tranquilidade?

Tudo parece muito previsível – e boa parte realmente é – além do que há sempre aqueles absurdos que, se forem levados em consideração, tiram a graça da experiência da plateia (entendam-se informações desencontradas em relação ao tempo que poderão sobreviver embaixo d’água). Mas, ainda assim, foi uma grata surpresa a parte final do longa. O roteiro consegue ter uma reviravolta tamanha, que faz com que toda previsibilidade vista antes acabe, de alguma forma, “perdoada” e que tira a produção do time de bizarros filmes com a temática de tubarão que têm sido feitos nos últimos anos.

Destaque também para uma inesperada qualidade da fotografia, bem agradável e eficiente, inclusive numa das cenas iniciais envolvendo um copo de Martini e uma tranquila piscina de hotel.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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