Crítica: “Jurassic World: Domínio”

“Maiores. Por que ficam sempre maiores?”. A pergunta feita pelo Dr. Ian Malcom em “Jurassic World: Domínio” (Jurassic World: Dominion), obviamente está relacionada ao tamanho dos dinossauros apresentados nos seis filmes da franquia cinematográfica (formada pelas trilogias “Jurassic Park” e “Jurassic World). Mas, também pode ser aplicada à ganância e maldade desenfreadas da espécie mais perigosa existente: a humana.

A trama do longa dirigido por Colin Trevorrow (que ainda atua como produtor, e assina o roteiro junto a Emily Carmichael, Derek Conn) mostra eventos passados após quatro anos dos vistos em “Jurassic World: Reino Ameaçado” e traz às telas o inesperado convívio entre dinossauros e humanos – fato que engloba animais jurássicos andando pacificamente pelas ruas, mas também explana o lado mais cruel das pessoas que promovem rinhas, tráfico de filhotes e comércio ilegal de carne.

Há duas histórias distintas, mas que acabam se mesclando em dado momento. A primeira mostra a rotina de Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e Owen Grady (Chris Pratt), que agora vivem em uma cabana no meio da floresta, na tentativa de manter a jovem Maise (Isabella Sermon) longe das vistas de figuras mal-intencionadas, que pudessem encará-la como um intrigante objeto de estudos (devido ao fato mostrado no capítulo anterior, envolvendo seu DNA singular).

A segunda, muito mais atraente, tem como mote as implicações a nível global que uma experiência genética que cria gafanhotos gigantes e extremamente resistentes pode causar. Os protagonistas são a pesquisadora paleobotânica Dra. Ellie Sattler (Laura Dern), o paleontólogo Dr. Alan Grant (Sam Neill) e o matemático / filósofo Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum). Sim, o trio original de “Jurassic Park: Parque dos Dinossauros” está de volta para um bem-vindo reencontro com o público e prova que 29 anos não foram capazes de diminuir sua importância e carisma.

O elo entre as duas narrativas é o cientista bilionário Lewis Dodgson (Campbell Scott), dono da empresa farmacêutica BioSyn, e responsável pelos principais ganchos que promoverão o encontro dos personagens das duas trilogias.

Como já era de se esperar, as sequências envolvendo dinossauros são as que merecem mais destaque. Seja uma frenética perseguição nos moldes dos melhores títulos de ação ou a aparição de novas e perigosas espécies – incluindo o assustador Gigantossauro, capaz de fazer frente ao temível T-Rex.

Mas, o maior acerto, como é padrão na franquia, são os detalhes, aqueles que, quando percebidos, arrancam sorrisos dos fãs. E, “Jurassic World: Domínio” está repleto deles, seja na forma de um easter-egg que, finalmente, responde a um questionamento há anos suspenso no ar, a movimentação precisa de uma câmera que culmina em um enquadramento sublime (daqueles que a gente quer como papel de parede) ou a cuidadosa percepção de que a saga jurássica pode estar, de fato, chegando ao fim.

Tudo sob a competente fotografia de John Schwartzman e a incrível trilha de Michael Giacchino, que, aliadas aos inesquecíveis acordes do tema criado por John Williams, proporcionam uma experiência tão gigantesca quanto as criaturas que vemos em tela.

Se este é mesmo o episódio final para os cinemas? É provável que sim. Mas, quem sabe ainda não haja fôlego para novidades em outras plataformas? Afinal, nas palavras do escritor Michael Crichton, cuja obra inspirou todas essas produções grandiosas: “A história da evolução é de que a vida escapa a todas as barreiras. A vida se liberta. A vida se expande para novos territórios. Dolorosamente, talvez até perigosamente. Mas a vida encontra um jeito”.

por Angela Debellis

*Texto publicado originalmente no Site A Toupeira.

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