Crítica: “Minions 2: A Origem de Gru”

Imagine uma animação cuja trama se passa durante os coloridos anos de 1970 – mais precisamente, no início de 1976, durante as celebrações do Ano Novo Chinês. Acrescente a isso uma trilha sonora repleta de versões inéditas de canções icônicas (que até hoje nos fazem conduzem no ritmo de suas batidas). Completando a receita, dê o protagonismo às criaturinhas amarelas mais queridas das telonas.

Pronto. Isso é o que vemos em “Minions 2: A Origem de Gru” (Minions 2 – The Rise of Gru), nova aposta da Ilumination – dirigida por Kyle Balda – que chega aos cinemas após dois anos de adiamento, devido à pandemia de Covid-19. E, embora a ansiedade pelo reencontro com essa turminha tenha sido imensa, a boa notícia é que toda espera valeu muito a pena.

Como o próprio título indica, o roteiro de Brian Lynch e Matthew Fogel tem como mote os primórdios de maldade de Gru (voz de Steve Carell no original e Leandro Hassum, na versão brasileira), aqui representado como um garoto de “11 anos e ¾”, que almeja não só conhecer, mas se tornar membro do mais temido grupo de vilões da época, o Sexteto Sinistro (sim, essa tradução para o nome original “Vicious 6” é só uma das inúmeras tiradas excelentes da produção).

Liderado por Willy Cobra (vozes de Alan Arkin / Gesteira), o grupo de criminosos conta com figuras, no mínimo, excêntricas, que vão de Donna Disco (Taraji P. Henson / Sarito Rodrigues) – uma estilosa vilã com ares de estrela da música, a Irmã Chaco (Lucy Lawless / Telma da Costa) uma freira que tem como acessório letal um crucifixo que se transforma em uma arma ninja. Completam o sexteto, Jean Garra (Jean-Claude Van Damme / Bruno Rocha), Svengança (Dolph Lundgren/Garcia Jr.) e Punhos de Aço (Danny Trejo / Marco Dondi).

Quando ocorre uma grave desavença entre os antagonistas, após o roubo da chamada “Pedra do Zodíaco” – uma espécie de medalhão místico que daria poderes ilimitados a quem a possuísse -, é a vez de Gru correr atrás de seu sonho. Para isso, terá que provar seu valor como pretenso infrator da lei, tentando a todo custo desvencilhar-se do estigma de ser “apenas um garotinho”. Mas, quando as coisas não saem como o esperado, é que ele vai perceber o que de fato importa.

E se a origem é de Gru, esta só é possível como sabemos, graças à infinita disposição de seus ajudantes (todos dublados por Pierre Coffin), que mostram ter por ele uma irretocável devoção desde que se conheceram, justamente nesse período. Ou seja, a parceria entre eles já dura décadas e é maravilhoso perceber o quanto seguem evoluindo juntos (coisa que não costuma acontecer com frequência em amizades na vida real).

Há muito a se destacar durante os 87 minutos de duração de “Minions 2: A Origem de Gru”, mas o que mais me conquistou foi a clara preocupação com detalhes significativos de todas as animações anteriores (não só do antecessor “Minions”, mas de toda a trilogia de “Meu Malvado Favorito”), seja com a aparição de personagens em suas versões jovens, ou na forma de easter eggs para os fãs mais atentos.

Ainda no quadro de figuras inéditas, temos a incrível Mestra Chow (Michelle Yeoh – que parece dominar mesmo todos os multiversos do cinema e da TV / Marcia Coutinho), cujos ensinamentos – tão básicos quanto expressos – de Kunf Fu, ao trio formado por Bob, Kevin e Stuart serão fundamentais para que eles (junto ao novo amigo amarelinho Otto) possam resgatar seu amado “mini-chefe” Gru.

Eu não sei falar bananês (o que não significa que esse não seja um dos tópicos da minha lista de desejos), então, a dica será em português mesmo (mas com gírias setentistas!): Não fique grilado e aproveite o reencontro com essa patota que é o maior barato!

por Angela Debellis

*Texto publicado originalmente no Site A Toupeira.

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