Crítica: “Com Amor, Simon”

A frase que ilustra o pôster oficial do longa “Com Amor, Simon” (Love, Simon) é tão direta quanto verdadeira: “Todo mundo merece uma grande história de amor”. E é através essa amplitude de sentimentos que o espectador deve assistir a essa, que seria apenas mais uma entre a infinita enxurrada de comédias românticas produzidas há décadas sob a mesma fórmula, não fosse por um detalhe: o protagonista é gay.

Simon Spier (Nick Robinson) é um jovem de 17 anos, que se vê às voltas do término do ensino médio – o que por si só já seria motivo de tensão para a maioria dos adolescentes. Membro de uma família cujos integrantes parecem felizes com as companhias uns dos outros, parte de um círculo de amigos daqueles que juramos manter para a vida inteira (mas que nem sempre conseguimos fazê-lo de fato), ele leva uma vida trivial, e ainda que bastante seguro a respeito de sua orientação sexual, a guarda em segredo justamente por temer a perda dessa “normalidade”.

O inesperado começo de uma amizade virtual com um rapaz identificado nos e-mails como ‘Blue’ será o ponto de partida para mudanças reais na vida de Simon, que através da cada vez mais intensa (tanto em quantidade quanto em qualidade) troca de mensagens, se descobrirá apaixonado por alguém cuja única pista da identidade é um local em comum: ambos estudam no mesmo colégio – o que, é claro, renderá algumas passagens divertidas com o protagonista tentando encaixar informações para descobrir quem é seu amor.

Mas, quando sua privacidade é desrespeitada e ele passa a ser chantageado por um colega – aquele tipinho que acha que pode tirar vantagem de alguém que parecer em uma situação menos favorável -, caberá ao jovem manter-se firme e lutar não só pelo seu final, mas por sua história feliz, mesmo que nesse caso, isso signifique nadar contra a maré imposta pela maioria.

Com Greg Berlanti à frente da direção, o filme é baseado no livro best-seller “Simon vs. a Agenda Homo Sapiens”, de autoria de Becky Albertalli, lançado em 2015. Eu assisti ao longa antes de ler a obra, mas assim que saí da sala de cinema, já comecei a leitura, porque queria saber até que ponto foram feitas alterações para que a história fosse levada às telas.

Como adaptação, o que vi foi um produto final consistente – apesar de várias mudanças, algumas, como sempre, desnecessárias. Assim como fica clara a opção por transformar a trama em algo acessível a um público mais amplo (a classificação é de 12 anos), com a exclusão de alguns detalhes que talvez sejam mesmo mais interessantes nas páginas do livro e na imaginação dos leitores.

É fácil torcer por Simon, assim como é fácil se identificar com alguma situação vivida com seus amigos. Isso se deve, além da qualidade da trama – simples, mas envolvente – à competência do elenco que entrega atuações agradáveis e transforma o filme em uma experiência que consegue arrancar vários sorrisos (e até mesmo algumas lágrimas) durante os 109 minutos de sua duração.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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