Crítica: “O Mistério do Relógio na Parede”

Obras que conseguem inserir elementos fantásticos ao cotidiano comum normalmente são merecedoras de atenção. Assim também acontece com “O Mistério do Relógio na Parede” (The House witha a Clock in its Walls), adaptação cinematográfica do livro homônimo de John Bellairs lançado em 1973 – o primeiro volume de uma trilogia composta por ele, “Um Vulto na Escuridão” e “A Carta, a Bruxa e o Anel”.

Na trama passada na cidade fictícia de Nova Zebedee, nos anos de 1950, conhecemos o Lewis Barnavelt (Owen Vaccaro), jovem garoto que após perder seus pais em um acidente de carro vai morar com seu tio materno, Jonathan Barnavelt (Jack Black). O que inicialmente parece apenas excentricidade – como ter dezenas de relógios espalhados pela casa e transitar pelos cômodos à noite em busca de algo que parece escondido em um lugar inacessível – logo se mostra bem mais do que isso: Jonathan é um feiticeiro.

Completando o trio de protagonistas, Cate Blanchett (como sempre magnífica em tela), surge como Srª Zimmerman, moradora da casa ao lado. Considerada uma feiticeira poderosa, ao longo do filme descobrimos os tristes fatos que minaram sua autoconfiança e criaram uma espécie de bloqueio que a impede de executar feitiços com sucesso.

O tal relógio do título é um artefato criado pelo antigo morador da casa, cujas intenções estão longe de serem louváveis. Issac Izard (Kyle MacLachlan) e sua esposa Selena (Renée Elise Goldberry) não hesitaram em fazer parte de um plano maléfico cujos resultados podem ser catastróficos em grande escala.

Apesar do roteiro de Eric Kripke – criador da série Supernatural – parecer sombrio (e de fato sê-lo até certo ponto), o longa pode ser definido como uma rica aventura que consegue mesclar o suspense à fantasia de maneira muito elegante através de bons recursos visuais e de um texto que prende a atenção durante toda a projeção.

O aprendizado mágico de Lewis, os ambientes detalhados da casa de Jonathan – com seus vitrais mutantes e sua poltrona de estimação -, assim como o figurino de todo elenco merecem destaque. Vale ressaltar também a excelente química entre Cate Blanchett e Jack Black, que alcançam com louvor o objetivo de transformar seus personagens em figuras ao mesmo tempo interessantes, misteriosas e divertidas.

Ainda sobre os efeitos visuais cabe dizer que há uma sequência que, embora seja uma das mais chamativas do longa dirigido por Eli Roth, pode ser incômoda aos que têm fobia de bonecas ou elementos animatrônicos. Por outro lado, vale prestar muita atenção na graça e delicadeza da cena que mostra o trio interagindo com o ambiente mágico ao seu redor.

A história é bem concluída e não há um final em aberto, mas sinceramente eu espero que os demais livros da saga possam ganhar as telonas no futuro, na forma de produções tão cativantes quanto esta.

Imperdível.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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