Crítica: “Uma Aventura LEGO 2”

Vivemos em uma estranha era em que tudo (ou quase) estoura como novidade e perde seu frescor com a mesma velocidade. Mas, só porque alguma coisa não é mais inédita, não significa que não possa continuar sendo cativante.

“Uma Aventura LEGO 2” (The LEGO Movie 2 – The Second Part) chega aos cinemas com uma base já completamente formada por três produções anteriores (uma direta – Uma Aventura LEGO e duas da franquia de brinquedos, LEGO Batman – O Filme e LEGO Ninjago – O Filme) e isso pode ser uma grande vantagem ou um provável problema.

Vantagem porque conhecemos os personagens e sabemos o quanto funcionam em tela, com suas personalidades e atitudes distintas. Problema porque desde o começo fica clara a opção por seguir exatamente a mesma linha de seu antecessor, o que significa que, para gostar da nova produção, é necessário pelo menos simpatizar com a que deu início à saga dos bonequinhos nas telas.

Cinco anos se passaram – tanto literal, já que o primeiro filme é de 2014, quanto figurativamente, com o crescimento real dos irmãos Finn (Jadon Sand) e Bianca (Brooklynn Prince) e o caos está instalado até no nome da cidade LEGO, agora conhecida como Apocalipsópolis. Uma invasão com alienígenas do Planeta Duplo – que transita entre a fofura e a letalidade de suas criaturas – promove ainda mais confusão com o sequestro / abdução de figuras principais: Batman (voz de Will Arnett na versão original), Lucy / Mega Estilo (Elizabeth Banks), Unigata (Alison Brie), Benny (Charlie Day) e Barba de Metal (Nick Offerman).

Os amigos são levados para o desconhecido sistema planetário Manar, onde deverão enfrentar perigos inimagináveis para evitar a extinção do mundo em que conhecem. É hora do jovem e incorrigível otimista Emmet (Chris Pratt) colocar à prova sua crença de que tudo é incrível e partir para salvar sua turma.

A jornada do protagonista acontece na imensidão do espaço que leva até Manar – rendendo sequências divertidíssimas que mostram as duas versões da história que, é claro que fica muito mais interessante quando contada sob o ponto de vista dos brinquedos, mas as inserções de personagens reais continuam sendo efetivas – ainda que tirem um pouco da emoção passada pelas figuras animadas.

Há novos personagens na animação dirigida por Mike Mitchell – como o misterioso viajante Rex Perigoso (Chris Pratt) e sua fantástica tripulação de dinossauros e a indefectível Rainha Tuduki Eukiser’ Ser (Tiffany Haddish), mas os nomes já conhecidos são os mais eficientes em tela – destaque para LEGO Batman, cujos sarcasmo e ego hiper- inflado continuam provocando boas risadas.

Phil Lord e Christopher Miller se mantêm no posto de roteiristas e entregam uma história equilibrada e divertida, mas que não deixa sinais de que precisa de uma continuação. A saga de Emmet, Lucy e seus amigos merecia este novo capítulo, mas parece ter conseguido chegar ao fim de maneira justa e competente.

Vale dizer que, assim como é marca registrada da franquia, ótimas referências a produções conhecidas (filmes, livros, quadrinhos etc) estão por toda parte. E fica o aviso: acredite quando certa música afirmar que vai grudar em sua cabeça, porque ela de fato vai.

Corra para os cinemas.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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