Insatisfeito com a carreira de sucesso na comédia, Nilo Perequê (Leandro Hassum), no auge do estrelato resolve abandonar tudo, a fim de migrar para o drama e se tornar um ator sério, alcançando assim a sua grande realização pessoal e profissional.
“Chorar de Rir” é aquela típica obra humorística brasileira: os mesmos formatos, falas parecidas e um elenco que traz veteranos desse tipo de produção. O que difere esse título dos vários já estrelados por Leandro Hassum (como: Os Caras de Pau, O Candidato Honesto e Até que a Sorte nos separe), é justamente a presença de uma dose a mais de drama, pois ao mesmo tempo em que o espectador cai na gargalhada também se emociona com a abordagem de temas cotidianos.
No geral, as comédias têm esse poder de abordar temas do dia a dia com uma sensibilidade diferente, capaz de nos fazer refletir e apreciar o melhor da vida, não deixando os problemas nos colocar pra baixo.
O longa também proporciona uma reflexão sobre família: existem diversos tipos de relações familiares, das conturbadas às mais calmas, mas é sempre com quem gostamos de compartilhar momentos felizes e pedir amparo nas horas difíceis, e isso o filme deixa bem evidente. Outro fator que prende o espectador é a trilha sonora – foi uma sacada de mestre do diretor colocar sucessos do reggaeton adaptados à música clássica. As faixas sempre bem colocadas em momentos cruciais da trama trazem uma sensação tão emocionante, é como se o olhar complementasse a fala e a música complementasse o olhar.
Quando vi o início do filme, logo pensei que teria uma imersão maior do drama, devido ao papel do protagonista Nilo Perequê que era fazer as pessoas felizes através do seu humor, ainda que ele próprio não estivesse feliz. Todavia, o diretor soube equilibrar bem as sensações, e isso apenas mostra a competência de Toniko Melo, que apesar de contar com apenas duas produções no currículo já mostrou a que veio – prova disso é que seu filme “Vips”, apesar de pouco divulgado, é simplesmente maravilhoso.
O elenco composto por Leandro Hassum, Monique Alfradique, Otávio Müller, Natalia Lage, Rafael Portugal e todo o gabarito da grande atriz Jandira Martini ainda ganhou mais reforço com as participações de Fúlvio Stefanini e Sidney Magal. Todos com uma perfeita harmonia em cena – não poderíamos esperar menos desse time de estrelas, pois todos já possuem trabalhos grandiosos em suas respectivas trajetórias.
A ideia central de “Chorar de Rir” era uma nova abordagem para a comédia e nesse ponto poderiam ter inovado um pouco mais. Ainda assim, a produção diverte, emociona, propõe reflexões, deixa bem claro a mensagem de respeito e amor ao próximo e superou minhas expectativas.
por Leandro Conceição
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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