Crítica: “A Rebelião”

Como a sociedade em que vivemos reagiria frente a uma invasão alienígena? Essa questão já foi amplamente debatida em inúmeras produções cinematográficas, mas continua atraindo a atenção dos fãs do gênero ficção científica em títulos que envolvam a chegada de seres extraterrestres.

Por isso, apesar de não acrescentar nada de novo ao tema, a premissa de “A Rebelião” (Captive State) a princípio parece interessante ao mostrar, sob a ótica de moradores de Chicago, nos Estados Unidos, como está o Planeta Terra nove anos após ser dominado por criaturas de outro planeta.

A ação se passa ao redor de dois grupos distintos: os colaboradores, que são pessoas que trabalham diretamente para os seres (que ganham a alcunha de “Legisladores”, uma vez que são eles que definem as leis que regem os habitantes da Terra) e os dissidentes, que são os que lutam pela derrocada daqueles a quem chamam de “Vermes”.

O tom político envolvendo lados rivais em atitudes e pensamentos seria mais eficaz se o filme realmente se propusesse a isso. Mas, com a ideia de um thriller de ficção sendo vendida ao público, a impressão que dá é que o roteiro escrito por Rupert Wyatt (que também assina a produção e a direção) não encontrou um rumo certo e acabou se perdendo em vertentes que não se conectaram como deveriam.

Encabeçando o elenco, John Goodman interpreta Mulligan, um policial obcecado em descobrir os planos dos dissidentes que supostamente ainda vivem escondidos, mesmo que para isso tenha que praticar atos condenáveis por lei;   Ashton Sanders dá vida a Gabriel Drummond, irmão mais novo de Rafe (Jonathan Majors) – um dos líderes da resistência, tido como morto – que trabalha em uma fábrica que destrói chips de usuários anônimos, depois de copiar para si as informações (sejam elas vídeos de aniversários ou dados pessoais sem importância para terceiros).

O longa torna-se levemente intrigante já próximo de seu final. Apesar de oferecer certa reviravolta, é provável que nem todos na plateia sejam impactados por ela, depois de praticamente a totalidade da história não despertar quase nenhuma expectativa.

Cabe dizer ainda que a participação de Vera Farmiga é bem menor do que uma atriz com seu talento merece. E quem espera ver grandes embates ou mesmo uma exibição mais detalhada dos ETs não terá o filme entre seus favoritos, pois justamente os personagens que deveriam ser o centro das atenções são os mais injustiçados e mal aproveitados da produção, sendo relegados a cenas com excesso de sombras ou parco uso de efeitos especiais.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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