Crítica: “X-Men: Fênix Negra”

Há quase duas décadas, graças a uma inesperada indicação, eu conheci aquela que se transformaria na minha equipe favorita de heróis de quadrinhos, aquela que sempre soube o valor da família que construímos durante a vida. Dezenove anos e onze filmes depois (contando com os spin-offs gerados pela franquia principal), é hora de dizer adeus – pelo menos nos cinemas – ao incomparável grupo criado pelo Professor X.

“X-Men: Fênix Negra” (X-Men: Dark Phoenix) tem a muito complicada responsabilidade de levar às telas um dos arcos mais famosos e queridos pelos fãs das HQ’s. Com uma trama repleta de minuciosos detalhes, seria de se imaginar que uma adaptação cinematográfica não tivesse o mesmo grau de desdobramentos – o que, em alguns casos, não chega a ser um demérito.

O longa dirigido por Simon Kinberg conta a história da garotinha Jean Grey (Summer Fontana), que após um acidente que vitimou seus pais, é levada para o Instituto Xavier para Estudos Avançados, onde passa a viver sob os cuidados de Charles Xavier (James McAvoy), criador e mantenedor do local.

Já adulta (e agora interpretada por Sophie Turner, pela segunda vez no papel), ela se torna um dos membros mais importantes da equipe principal, graças ao enorme poder de sua mutação, que inclui leitura de mentes e telecinesia.

Em uma missão de resgate de astronautas americanos à deriva no espaço (bem próxima da original das revistas), ela entra em contato com uma tempestade solar, cuja radiação seria mortal para qualquer ser – menos para ela, mutante de nível ômega – o que significa que seu poder que já era imenso torna-se praticamente ilimitado.

O problema é que isso causa uma grande confusão física e mental em Jean, que passa a ter que controlar o que já conhece e algo que é totalmente novo para ela, que ganhará a alcunha de Fênix, graças à ave que simboliza o renascimento.

A transição para a chamada “Fênix Negra” é muito complexa nos quadrinhos e envolve uma gama de personagens que sequer foram citados no cinema. No longa, tudo acontece de maneira beirando o imediatismo: tão logo Jean volta à Terra, o conflito com seus poderes já se mostra ativo, o que é o ponto de partida para que todos estejam em perigo.

Com uma aura de mistério envolvendo sua participação, Vuk (Jessica Chastain), parece ter sido uma tentativa de talvez condensar todos os elementos que fazem parte da Saga da Fênix Negra escrita por Chris Claremont e desenhada por Dave Cockrum e John Byrne, mas, ainda que tenha entendido, sua função me pareceu mais superficial do que deveria.

Como ponto negativo, continuei sem entender o motivo de terem transformado a Mística – tão incrível nos quadrinhos – em alguém que não parece ter orgulho de sua própria aparência. Na maior parte do filme, o que vemos é o rosto de Jennifer Lawrence, o que em nada condiz com a personagem que sabe a importância de se mostrar em sua forma real.

Por ser um dos meus arcos favoritos, eu gostaria de ter visto um número maior de elementos, ainda mais este sendo o epílogo do ciclo iniciado em 2000 pela Fox. Mas, foi com grande satisfação que pude acompanhar esse fechamento: revi os sempre competentes Michael Fassbender e James McAvoy em sua despedida dos papéis de Magneto e Professor Xavier, respectivamente; vibrei com o ápice do poder da Fênix sendo representado com um visual tão bonito.

Depois de me apaixonar pelo Wolverine, querer virar amiga do Noturno e ser aprovada como aluna regular do Instituto (mesmo que minha mutação não tenha se manifestado – ainda), sentirei falta de transitar pelos corredores da mansão e de, secretamente, desejar que os mutantes já estejam de fato entre nós.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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