Crítica: Voando Alto

Conviver em sociedade não é fácil. Encontrar o equilíbrio entre o relacionamento que temos com nossa família desde o nascimento é uma tarefa que passa longe de ser simples. Isso porque somos humanos. Mas e quando vemos essas obrigações sob os olhos de pássaros?

“Voando Alto” (Manou the Swift) tem como protagonista o pequenino Manou (voz de Josh Keaton na versão original), um filhote órfão de andorinha que é criado por Blanche (voz de Kate Winslet) e Yves (voz de Willem Dafoe), casal de gaivotas que luta para ter um filho. A estranheza inicial por parte do pai adotivo logo é compensada com um relacionamento que não faz distinção entre Manou e os outros filhotes que ali vivem e é justamente aí que surge o problema.

Por mais que haja boa vontade de Yves em ser um bom exemplo a seguir – uma vez que é o chefe do bando – tratar a andorinha como se fosse uma gaivota é deixar por completo suas raízes (não só emocionais, mas físicas) para trás e esperar que ela tenha um comportamento que foge de suas capacidades.

Quando Manou é posto à prova e falha perante as demais aves, é hora de partir para buscar respostas e novas possibilidades – ainda que isso signifique se distanciar de sua mãe e irmão adotivos (aliás, a jovem gaivota Luc – voz de Mike Kelly – é um dos personagens mais adoráveis da animação).

Ao fazer a volta na pedra em que vivia com sua família, Manou encontra um bando completamente diferente daquele em que cresceu, mas com o qual se assemelha e identifica de primeira. As andorinhas o recebem como igual, porém com o tempo, é perceptível que o discurso é basicamente o mesmo das gaivotas que só enxergam a si próprias como seres de valor.

Entre resgates de ovos, lutas com ratos e descobertas de sentimentos, caberá ao pequeno protagonista encontrar o ponto em que o respeito e a confiança se farão os alicerces para a continuidade da jornada.

A animação alemã dirigida por Andrea Block e Christian Haas é simples e direta. A intenção do roteiro fica clara desde o princípio e há uma eficiente condução da história que deve entreter principalmente as crianças menores (mas o conteúdo narrativo e sua importância, inclusive na sociedade atual, é válido para todas as idades).

Entre os personagens, cabe destacar o divertido Parzival (voz de David Shaughnessy) um dodô que consegue fugir de um destino cruel no qual acabaria servido em um restaurante qualquer para encarar o desafio de estar, pela primeira vez, livre na natureza.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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