“Adeus à Noite” (L’Adieu à la nuit), dirigido por André Téchiné, conta a história de Muriel (Catherine Deveuve) dona de uma fazenda que oferece treinamento de equitação na França. Ela não reencontrava seu neto Alex (Kacey Mottet Klein) há anos, e fica feliz quando ele decide se hospedar uns dias em sua casa. Muriel então descobre que o rapaz se converteu ao islamismo e passa a suspeitar de suas intenções – a partir de então, ela planeja formas de fazer com que o pior não aconteça.
Particularmente acredito que o filme poderia ter sido mais bem aproveitado: a história é boa, mas faltou algo que o destacasse. O longa tem um ar melancólico e as ideias que ele busca transmitir são um pouco abstratas; por exemplo: a relação entre avó e neto não parece algo amoroso, mas algo relacionado à culpa ou preenchimento de uma afinidade que talvez nunca tenha existido.
Também temos o fato de o jovem ter decidido seguir a religião islâmica: sabemos que na vida real muitos garotos sofrem um tipo de “lavagem cerebral” ou são convencidos de alguma maneira a praticar o terrorismo, e que não é algo necessariamente ligado à religião. No caso de Alex, o espectador facilmente observa que foi ele quem decidiu percorrer este caminho, como um menino mimado que simplesmente quer algo sem pensar nas consequências.
A sensação que tive a respeito da parte técnica da produção também não foi das melhores. No início, temos a impressão de que história será contada com calma, riqueza de detalhes e fatos, mas logo em seguida essa visão é desconstruída e percebemos que as coisas são feitas às pressas, o que impede até mesmo que a história cogitasse tomar um rumo diferente do que foi apresentado nas cenas finais.
Nem tudo são erros: um ponto positivo do longa foi tentar transmitir o porquê do terrorismo ser uma opção para algumas pessoas e o que acontece depois. Afinal este é um tema muito delicado, pois muitos acreditam que a religião está relacionada às ondas de atentados e mortes em massa, quando na verdade tudo tem a ver com uma ideologia e o poder que nós damos às coisas que nos dominam. Qualquer tipo de extremismo é perigoso, principalmente porque o homem sempre buscará formas de se superiorizar.
por Victória Profirio
*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.
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