Crítica: Uma Segunda Chance para Amar

Ainda que a indústria cinematográfica mostre-se em constante mutação, um dos mais aclamados subgêneros permanece aparentemente intocado: o as comédias românticas. E quando à trama básica junta-se o tema natalino, a garantia de um resultado agradável é quase sempre certa.

Esse é o caso de “Uma Segunda Chance para Amar” (Last Christmas) que, sob a direção de Paul Feig, conta uma história doce, emocional e que deve conquistar boa parte do público sem nenhuma dificuldade.

A protagonista é Katerina – ou como prefere ser chamada, “Kate” (Emilia Clarke, perfeita em suas múltiplas expressões), imigrante iugoslava, que estabeleceu residência no coração de Londres com sua família, após a guerra em seu país de origem.

A jovem com alma de artista que almeja cantar em musicais, alterna seu sonho de infância (representado na forma das mais diversas audições fracassadas) com um trabalho, no mínimo, excêntrico: vendedora – com direito a uniforme de duende – em uma loja que comercializa apenas produtos natalinos. Ou seja, “Jingle Bells” dá o tom, 365 dias por ano.

É nesse cenário que conhece o misterioso / encantador Tom Webster (Henry Golding), rapaz de boa índole que surge de maneira inesperada e não hesita em auxiliar Kate na retomada do controle de sua própria vida, uma vez que ela parece cada vez mais perdida em um mar de decisões equivocadas.

Se a princípio a jovem aparenta ser apenas alguém com espírito desafiador e que pouco se importa com regras, logo se torna fácil perceber que há uma muralha escondida atrás de seu humor ácido e rebeldia. Algo em seu coração precisa ser trazido à tona para Kate reencontrar seu rumo em direção à felicidade genuína.

Tudo funciona no longa roteirizado por Emma Thompson e Greg Wise. As locações londrinas são perfeitas para o tema, o equilíbrio entre as personalidades dos personagens, que a seu modo, conseguem ganhar a simpatia dos espectadores. E, é claro, a trilha sonora que conta com sucessos do saudoso cantor / compositor George Michael, desde a primeira cena – boa desculpa para cantar baixinho (sem atrapalhar o espectador ao lado) e se deixar levar ainda mais pela história que encaixa com perfeição nas letras das canções.

Cabe ainda destacar a participação de Michelle Yeoh como Santa (aqui traduzido para “Noel”, já que o nome é uma alusão ao Bom Velhinho), proprietária da loja em que Kate trabalha: seu desenvolvimento durante a narrativa é muito divertido. Assim como vale dizer que Emma Thompson (que dá vida à Petra, mãe da protagonista) também cumpre bem seu papel.

Por mais que o cerne da história não seja dos mais criativos (mas nem por isso menos valoroso), há momentos surpreendentes – e são justamente esses os que têm maior probabilidade de levar a plateia às lágrimas, afinal, toda boa comédia romântica precisa ter uma carga emocional para ser considerada eficiente.

Com tantas produções já realizadas anteriormente em torno desse tema, “Uma Segunda Chance para Amar” chega para escrever seu nome entre aqueles títulos natalinos quase que “obrigatórios” para quem quer sentir o coração quentinho em uma das épocas mais especiais do ano.

Vale muito a pena conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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