Crítica: O Último Amor de Casanova

É muito bom ver o quanto o cinema francês vem ganhando espaço com suas produções, cada vez mais inovadoras e com pontos marcantes de realidade. “O Último Amor de Casanova” (Dermier Amour) apresenta um longa de época, que em pequenos detalhes, tentou se fazer presente nos momentos atuais.

O diretor Benoît Jacquot optou por fugir do monótono e ousar em sua produção, mostrando o oposto do que se esperava. O filme que foi roteirizado por Jérôme Beaujour em parceria com Chantal Thomas e retrata um Casanova (Vincent Lindon) muito diferente do imaginário, trazendo certa dúvida com relação ao personagem e o decorrer da trama.

O protagonista Casanova (Vincent Lindon) está velho e tem certo ar de cansaço e desilusão – é possível perceber em suas expressões, o quanto ele vem sentindo o peso do tempo. Conhecido por suas extravagâncias, que vão desde os jogos aos prazeres carnais, já não é mais o mesmo: ele agora se encontra em um momento reverso, o oposto de tudo que já viveu antes.

A história se passa no final do século XVIII e é narrada pelo próprio Casanova, escrevendo suas aventuras e relembrando os momentos vividos. A caracterização do protagonista conta com roupas cordiais e perucas bem exageradas que ressaltam a passagem do tempo, lembrando um período bem distante.

Durante a narração de suas memoráveis aventuras, lembra-se do quanto se divertiu com diversas mulheres ao longo da vida, e destaca que sempre foi amigo de todas elas, exceto uma, de quem ele nunca conseguiu a amizade, mas que ganhou um grande espaço em seu coração.

O amor de Casanova é vivido pela atriz franco-inglesa Stacy Martin, que apesar da pouca idade, mostrou-se uma excelente intérprete no papel da fogosa La Charpillon, a jovem que mexeu com o conquistador canastrão. A atuação de Stacy é tão boa que, em determinado momento, é possível se perder no enredo do longa-metragem e acreditar que é ela a protagonista da história.

O roteiro, em contrapartida, sempre aponta pequenos detalhes da história que tem um formato diferente e cujo desfecho pode surpreender, o que aguça o imaginário de quem está do outro lado da tela.

O filme começa na França, mas boa parte se passa em Londres, onde Casanova viveu sua aventura mais marcante. O território britânico parece favorecer as cenas do longa, tendo muitas de suas cenas gravadas em locais públicos, o que deu mais realismo à dinâmica da história principalmente pelo ar de nobreza que o local remete em alguns momentos.

O decorrer da trama é surpreendente e impactante para seus personagens, mas um tanto óbvio para quem pegou desde o início a ideia de Jacquot de inovar a fazer um filme atual, onde o protagonista nem sempre é o ponto central da história. Eis, então um drama muito bem feito e bem elaborado por seus produtores.

“O Último Amor de Casanova” chega aos cinemas e se faz uma boa opção para quem quer sair do clichê e assistir a um drama inusitado.

por Pompeu Filho

*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.

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