Crítica: Frozen 2

Graças às animações clássicas (em sua esmagadora maioria oriundas dos Estúdios Disney), acabamos nos acostumando ao contentamento de apenas imaginar o que viria após a famosa frase “E viveram felizes para sempre”, mesmo quando esta fica subentendida ao término da produção.

Quando “Frozen – Uma Aventura Congelante” chegou aos cinemas em 2013, houve uma aclamação global que, imagino tenha surpreendido a maior parte do público (e provavelmente da equipe de profissionais responsáveis pela obra). Com uma história bem contada, sem pontas que de fato necessitassem de explicações mais elaboradas, a animação parecia ser uma criação única.

Mas, um sucesso assim estrondoso também significa que a chama de uma sequência foi acesa em algum momento, seja para satisfação dos fãs mais curiosos – e criadores das mais diversas teorias – ou por motivos relacionados a lucros óbvios que serão gerados pela novidade e todo mercado de licenciamentos relacionados a ela.

Sendo assim, “Frozen 2” (Frozen II) chega às telas e traz uma nova história protagonizada por Elsa (voz de Idina Menzel) e Anna (Kristen Bell). Com os personagens principais já pré-estabelecidos no capítulo anterior, a trama ganha força para se passar além dos limites do Reino de Arendelle (cenário majoritário da aventura anterior).

Antes da ação propriamente dita, um flashback da infância das irmãs junto a seus pais, a Rainha Iduna (Evan Rachel Woods) e o Rei Agnarr (Alfred Molina), nos é apresentado, a fim de determinar novas diretrizes para as origens de sua família. E é atrás dessas informações – e após Elsa começar a ouvir uma insistente e enigmática voz lhe chamar – que a dupla (acompanhada do icônico trio Olaf, Kristoff e Swen) segue em direção à chamada Floresta Encantada, local místico de moradia de uma isolada tribo nativa e que carrega mais do que simples mistérios em seus arredores.

Visualmente, a produção dirigida por Chris Buck e Jennifer Lee (que também é roteirista ao lado de Allison Schoroeder) é irretocável. O que já era bonito ganha ares ainda mais imponentes e transforma cada floco de gelo, gota d’água ou chama ardente em algo a ser apreciado em seus mínimos detalhes. Por outro lado, há uma mudança significativa na postura dos personagens que parecem mais maduros e, por consequência, mais sérios e focados, o que faz com que a narrativa não tenha a mesma graça e frescor.

trilha sonora continua sendo um dos pontos altos da animação e, embora não tenha uma canção que vá marcar época como a aclamada “Let it go” (“Livre estou” na versão nacional), conta com faixas muito boas e que devem agradar o público. Como destaque, a carro-chefe “Into the Unknown” (“Minha Intuição” na versão brasileira) faz as vezes de música “chiclete” cujos acordes continuam a ecoar após o fim da exibição.

O adorável boneco de neve Olaf (voz de Josh Gad / Fábio Porchat) permanece como um dos mais interessantes elementos, com seu ponto de vista bastante reflexivo. E Kristoff (Jonathan Groff) ganha um inesperado e bem-vindo destaque e se firma como uma das melhores criações do mercado de animações da Disney dos últimos tempos – inclusive assumindo o protagonismo de um dos mais excêntricos números musicais.

Mesmo que sempre seja possível criar uma brecha ou encontrar motivos para novas continuações, acredito que a agora franquia “Frozen” não vá se prolongar com a produção de filmes futuros. Com várias respostas – inclusive a novas questões específicas dessa continuação – é possível dizer que a trajetória das herdeiras de Arendelle tenha encontrado seu satisfatório final.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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