Crítica: Spycies: Agentes Selvagens

Um espião habilidoso, mas que não tem nenhum pudor em destruir locações por onde passa em meio a perseguições alucinadas, é designado para trabalhar com um elemento bem menos ativo e com pouca inclinação para o perigo. É quando se verão diante de um caso que pode ter consequências trágicas em nível global.

Este poderia ser o roteiro de um bom livro ou filme de espionagem. Mas, neste caso, também é a premissa da animação franco chinesa “Spycies: Agentes Selvagens” (Spycies), que chega a algumas salas de cinema que já voltaram a operar presencialmente no Brasil.

Todos os personagens presentes na produção são animais, das mais diversas espécies, que convivem em uma bem estruturada sociedade (algo visto também com muita eficiência no premiado “Zootopia”). Como centro da ação, uma agência de espiões, para a qual trabalha Vladimir Willis (voz de Kirk Thornton), um ágil e experiente gato, que possui todos os trejeitos de espiões clássicos do gênero.

Após o resultado de uma de suas missões ser considerado algo próximo a um ataque terrorista – dada a escala de destruição física do percurso que fez atrás dos criminosos – Vladimir é convocado a passar um tempo longe do trabalho de campo, em uma instalação no Mar Oriental, onde um simpático rato chamado Hector (voz de Dino Andrade) presta serviços como hacker.

A inusitada dupla, que a princípio não demonstra nenhuma afinidade, acabará tendo que entrar em ação conjunta, a fim de enfrentar o vilão conhecido como Demônio de Gelo e recuperar um misterioso elemento químico, que, se usado de maneira irresponsável, provocará a extinção de várias raças no planeta.

Embora beba em uma fonte bastante segura e faça uso de vários elementos típicos de obras que contam histórias de espionagem, a animação dirigida por Guillaume Ivernel e Zhiyi Zhang (este, também responsável pelo roteiro ao lado de Michael Pagès e Stéphane Carraz) consegue manter-se interessante do início ao fim, com direito a boas reviravoltas e resultados bem convincentes.

Existe uma nítida preocupação em entregar detalhes visuais que enriquecem ainda mais o produto final, como a inteligente decisão de se colocar uma aranha na função de secretária (sendo que tal trabalho parece muitas vezes exigir que se tenha vários braços para executar tarefas simultâneas), ou mostrar os três famosos macaquinhos  “Não Vejo, Não Ouço e Não Falo” como pacientes em um corredor de hospital, ostentando faixas nos corpos – nos referidos locais que assim os identificam.

A qualidade da animação também surpreende. Além de ótimas texturas de pelo, escamas e pele, há de se ressaltar a competência em se recriar movimentos em cenas de luta e na excelente sequência inicial que poderia, facilmente, fazer parte de qualquer filme de ação.

Vale muito a pena conferir!

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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