Crítica: Fuga de Pretória

Daniel Radcliffe há muito tempo vem se aventurando por caminhos um tanto quanto ousados nos cinemas. O jovem é um ator promissor, encara bravamente produções que passam longe de blockbusters e esbanja versatilidade em diferentes personagens.

Em “Fuga de Pretória” (Escape from Pretoria), ele interpreta Tim Jenkin, o jovem sul-africano, branco, que é preso juntamente com o amigo Stephen Lee (Daniel Webber), ambos condenados por terrorismo.

Jenkin e Stephen se aliam ao ANC (African National Congress), um grupo de luta e partido político sul-africano conta o Apartheid (Regime de segregação racial implementado na África do Sul entre 1948 a 1994).

A produção baseada no livro “Inside out” escrito por Tim, e que contou com a adaptação de roteiro feita por Francis Annan e L.H. Adams, tem o foco em Jenkin e em suas manobras para fugir da prisão de segurança máxima, em Pretória.

Já nas cenas inicias vemos imagens reais de grupos de resistência, protestos e do abuso de violência policial, durante os anos do Apartheid, dando uma pequena introdução do que deveria ser o centro da narrativa.

A produção tinha um potencial incrível se tivesse se concentrado no desenvolvimento e nas lutas do elenco central, porém,  ficamos o tempo todo imersos na construção do plano de fuga, o que de todo modo é bem interessante.

A trama consegue prender nossa atenção não só pelo roteiro e excelente atuação de Daniel, mas também pelos detalhes de som utilizados em determinadas cenas, como o silêncio bem empregado, o barulho de passos ou uma simples gota de suor em contato com chão.

O suspense biográfico retrata como funcionava a genialidade de Tim Jenkins, que construiu chaves de madeira e tramou um ardiloso plano de fuga com base “apenas” na observação dos esquemas da prisão.

O longa também aponta como funcionava a prisão exclusiva para brancos. Entre os detentos, Denis Goldberg (Ian Hart), ativista por Direitos Humanos que lutou ao lado de Nelson Mandela durante o regime do Apartheid.

Vale ressaltar que, mesmo como coadjuvantes, Ian Hart e Mark Leonard Winter estão perfeitos em seus personagens e são a cereja do bolo da produção de Francis Annan.

“Fuga de Pretória” vem como entretimento e passa longe de ter um caráter histórico ou informativo – mesmo sendo baseado em acontecimentos reais – e tem êxito dentro do que propõe. Confira!

por Carla Mendes

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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