Crítica: Trolls 2

Inicialmente previsto para chegar aos cinemas brasileiros em abril, “Trolls 2” (Trolls World Tour) teve sua estreia adiada em função da pandemia de Covid-19, que transformou radicalmente o ano de 2020 – inclusive no que diz respeito à área de entretenimento em geral, que se viu perdida diante da impossibilidade de oferecer seus produtos ao público.

Mas, sempre haverá tempo para celebrar a vida e os amigos e é exatamente isso que a narrativa da animação dirigida por Walt Dohrn propõe ao trazer para as telas uma divertida reflexão sobre o que consideramos como nossa verdade absoluta e todo o restante – que muitas vezes ainda nem é de nosso conhecimento – mas que é de fundamental importância para a composição do quadro geral.

Agora já na posição de Rainha, Poppy (voz de Anna Kendrick no original e Jullie na versão dublada) faz uma inesperada descoberta: ela e seus amigos não são os únicos trolls do mundo – além de seu reino, existem outros grupos espalhados por várias regiões.

E mais do que isso: O Pop não é o ritmo universal e nem todos são fãs desse estilo musical, havendo os que preferem algum dos outros gêneros designados na trama: Country (que na versão nacional virou Sertanejo), Clássico, Rock, Techno e Funk.

Segundo a história contada pelo Rei Peppy (voz de Walt Dohrn), no início dos tempos, as criaturas mágicas viviam em harmonia, sob as melodias criada por um único instrumento, cujas seis cordas representavam os tais gêneros citados. Tal unificação é posta abaixo com a separação dos grupos que passam a fazer comparações com os demais, a fim de provar que seu gosto musical é superior.

Na busca pela reconciliação dos trolls, Poppy, Tronco (voz de Justin Timberlake / Hugo Bonemer) e seus amigos partem em uma jornada regada a grandes hits temáticos – este, um grande trunfo da franquia que sabe utilizar sua trilha sonora como um importante elemento da história. Os estilos musicais são visualmente representados através de vestimentas e posturas que abraçam o clichê, mas são muito eficazes no que diz respeito à identificação imediata de cada um.

Para complicar a tarefa dos protagonistas, surge a Rainha Barb (voz de Rachel Bloom), que ao lado de seu pai Rei Thrash (voz do icônico Ozzy Osbourne) pretende transformar o Rock no único ritmo a ser ouvido, indo diretamente de encontro com a ideia de Poppy.

A animação, assim como sua antecessora, é adorável. Ainda que conte com traços e figuras que tendem a chamar mais a atenção das crianças menores, consegue englobar itens que devem agradar boa parte do público mais velho, em especial citações e a escolha de faixas conhecidas. Também vale destacar a sequência embalada pela canção “Just Sing (Trolls Worls Tour”, que mostra a importância do respeito pela opinião do próximo e da aceitação das diferenças – assuntos sempre pertinentes e cada vez mais necessários.

Depois de um ano tão complicado, não são apenas os trolls que querem se divertir (vale dizer que a adaptação de “Girls just wanna have fun” de Cindy Lauper ficou incrível). E para o público que não apenas quer, mas de fato precisa de um pouco de diversão e bons momentos cheios de cor e doçura, “Trolls 2” é uma excelente opção.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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