Crítica: “Os Croods 2 – Uma Nova Era”

Depois de oito anos, uma série lançada original para televisão, e vários adiamentos devido à pandemia de Covid-19, os Croods estão de volta ao lugar que merecem: as telonas.

A excêntrica família pré-histórica chega aos cinemas em “Os Croods 2 – Uma Nova Era” (The Croods: A New Age), continuação direta do longa de sucesso que recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Animação em 2014.

Na trama, vemos os simpáticos personagens tendo sua pacata rotina virada de cabeça para baixo com um inesperado encontro com figuras que parecem ser quase um reflexo inverso de suas personalidades e atitudes.

Não existe uma narrativa central, são várias histórias acontecendo em paralelo – o que poderia ser apenas uma confusão visual, mas que, sob o roteiro de Dan e Kevin Hageman, Bob Logan e Paul Fisher, torna-se uma atração para ser apreciada em cada detalhe.

Ainda assim, não é difícil enxergar o protagonismo da jovem Eep (voz de Emma Stone, no original), que precisa alinhar o desejo de ter uma vida a dois com Guy (voz de Ryan Reynolds) à intenção de manter-se próxima de seus pais Grug (Nicholas Cage) e Ugga (Catherine Keener), sem que uma coisa atinja diretamente a outra.

O que já não era fácil – quem assistiu ao filme anterior deve se lembrar da relação amorosa ao extremo (quase sufocante, diga-se de passagem) que os membros da família têm – fica ainda mais complicado com a aparição dos “Bemelhores”, que colocarão em xeque a qualidade de vida que é possível ter com os recursos que a natureza dá, aliados ao pensamento evolutivo que os coloca um passo à frente nos quesitos de conforto e bem-estar.

Relações, aliás, são um dos pontos altos da produção. A amizade entre Eep e Aurora Bemelhor (voz de Kelly Marie Tran) é daquelas que almejamos ter pelo menos uma vez em nossa história. Embora com costumes e criações completamente diferentes, as garotas se veem unidas na vontade de fazer novas descobertas e logo percebem que têm muito a aprender uma com a outra. O longa dirigido por Joel Crawford contorna com sabedoria o clichê fácil de triângulo amoroso e mostra como é importante constituir boas amizades.

Em 95 minutos de duração, “Os Croods 2 – Uma Nova Era” conta com diversos momentos divertidos, em especial os que envolvem a Vó (voz de Cloris Leachman) que ganha seu merecido destaque na nova aventura, e os patriarcas de ambas as famílias, Grug e Ben (voz de Peter Dinklage / Rodrigo Lombardi), cuja consciência de querer o melhor para seus entes queridos faz com que entendam a necessidade de se buscar um meio termo equilibrado entre suas realidades.

Dona de um visual belíssimo, a animação tem na natureza seu maior elemento, com a inclusão de surpreendentes animais híbridos e uma vasta variedade de frutas, cujas cores vibrantes são um deleite aos olhos dos espectadores.

E o que torna o longa algo tão bacana é o fato de conseguir entreter com a mesma facilidade com que aborda assuntos importantes, como até que ponto familiares próximos podem/devem influenciar nossas escolhas. Assim como faz críticas bem atuais, como a falta de atividades em família, além de contar com uma genial alusão à “vida moderna / perfeita / singular” que levamos em frente às telas – enquanto a “vida real” acontece ao nosso redor.

Valeu a pena esperar.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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