Crítica: “Tô Ryca! 2”

Quando lançado em 2016, “Tô Ryca!” nos apresentou a carismática frentista Selminha Oléria Silva (Samantha Schmütz), que teve sua vida totalmente transformada após receber uma inesperada herança de um tio distante.

Seis anos depois, a sequência “Tô Ryca! 2” chega aos cinema para mostrar a rotina da protagonista com todos os muitos benefícios que o dinheiro pode proporcionar.

Mas, nem tudo são joias, champanhe ou mordomias no longa dirigido por Pedro Antonio e Selminha verá tudo que conquistou ser colocado em risco com a aparição de uma homônima (interpretada por Evelyn Castro), que reivindica a fortuna sob a alegação de ser a verdadeira herdeira.

Enquanto aguarda a decisão da justiça sobre a manutenção de suas finanças, Selminha (a “original”) terá que voltar às raízes, o que significa enfrentar todas as humilhações às quais a grande maioria da classe trabalhadora se submete diariamente, com direito à dificuldade para chegar em casa (devido a enchentes) e falta de noção por parte de patrões que parecem viver em outro mundo.

Assistir ao longa apenas sob o viés da crítica social e do politicamente correto é tirar a graça do roteiro escrito por Fil Braz. Embora os assuntos façam parte da narrativa (e sejam importantes para sua construção), isso acontece da maneira leve que uma comédia pede. E, ainda que haja óbvios exageros na concepção dos personagens – sejam os mais abastados, ou não – são essas diferenças que os tornam singulares e interessantes.

As cenas que mostram Selminha e sua inseparável amiga Luane (Katiuscia Canoro) em um restaurante de luxo e em uma loja de vestidos de noiva caríssimos servem para mostrar que o dinheiro pode trazer muitas vantagens, mas só aqueles que não possuem autoestima elevada se deixam modificar, de fato, por ele.

Outro bem-vindo acréscimo ao elenco é Rafael Portugal, que dá vida a Gracil, motorista particular e amigo de Selminha. Tidos como nomes de destaque na comédia brasileira atual, ele e Evelyn Castro são responsáveis por ótimos momentos em tela – ainda que quase não interajam entre si.

Com uma trama simples, “Tô Ryca! 2” diverte, ao mesmo tempo em que faz questão de exaltar a capacidade das pessoas – em especial as que não têm acesso às facilidades de uma situação financeira confortável – se reinventarem frente às necessidades. E segue mostrando que, ainda que uma carteira recheada de notas seja algo muito bom (hipocrisia falar o contrário), existe uma gama de outras coisas tão (ou mais) importantes quanto.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

Comments are closed.