Crítica: “Efeitos Colaterais de um Casamento”

“Efeitos Colaterais de um Casamento” (Side Effects & Risks), aborda as possíveis consequências que a necessidade de uma doação de órgãos causaria em um casamento, principalmente se uma das partes mostrasse claramente que não gostaria de ser o doador.

Na trama Kathrin (Inka Friederich) , uma professora de pilates, faz uma checagem de rotina que revela que ela está com uma grave doença renal e precisa de um transplante de rim. Seu marido, Arnold, um arquiteto de sucesso que está em meio ao maior projeto de sua vida, compartilha do mesmo tipo sanguíneo de Kathrin, mas logo ao saber da notícia deixa claro seus medos e o receio em ser um doador para a esposa.

No entanto, um amigo do casal, Götz (Thomas Mraz), ao saber da doença, se voluntaria como doador, mesmo com a clara desaprovação de sua esposa Diana (Pia Hierzegger), que não é favorável ao gesto de solidariedade do marido.

A recusa a doar o rim – ainda que não totalmente aberta, mas totalmente clara – do marido de Kathrin, junto com a oferta imediata do amigo Götz, acaba por trazer à superfície problemas no casamento tanto de Kathrin e Arnold, como também de Götz e Diana.

Com diálogos inteligentes, e ao misturar drama e comédia, o título alemão mostra como por egoísmo, ciúmes e hipocrisia, Arnold torna a doença da esposa muito mais sobre ele do que sobre a própria Kathrin, tomando a posição de vítima e criando diversos motivos para não doar o rim, ainda que sem negar formalmente, para não ser visto como má pessoa. O mesmo acontece, em menor medida, com Diana, que projeta seus próprios problemas e inseguranças, no desagrado com o ato do marido.

Dirigida por Michael Kreihsl, que também assina o roteiro em companhia de Stefan Vögel, a história se desenrola com diversos acontecimentos que faz crescer cada vez mais a tensão entre os casais e conta com um plot twist bem conduzido no terceiro ato.

Ao mostrar a relação entre os casais e como eles vão lidando com a situação, o filme faz com que os próprios espectadores se perguntem o que fariam na situação dos personagens, colocando o certo e o errado em uma posição um tanto cinzenta – ainda que claramente nos coloque do lado de alguns personagens, em detrimento de outros.

“Efeitos Colaterais de um Casamento”, que chega ao Cinema Virtual, é interessante e bem produzido, e aborda de forma cômica e ao mesmo tempo realista o que poderia acontecer com qualquer casal, ainda que, felizmente, como diz o próprio longa, as chances sejam tão pequenas quanto ser baleado de maneira acidental.

por Isabella Mendes – especial para EOL

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