Crítica: “Megatubarão 2”

Desde o início de “Megatubarão 2” (Meg 2: The Trench) – que traz uma sequência vista em partes no trailer original – lembrei-me de uma frase dita pelo Dr. Ian Malcolm (personagem interpretado por Jeff Goldblum) em “Jurassic World: Domínio”: – Maiores. Por que ficam sempre maiores?.

E isso abrange muitos questionamentos, já que a grandiosidade, no sentido mais amplo da palavra, é explícita em muitas frentes, inclusive na ousadia do roteiro de Jon Hoeber, Eric Hoeber (dupla que parece muito à vontade em escrever sobre criaturas imensas, já que também faz parte do time de escritores de Transformers: O Despertar das Feras”) e Dean Georgaris.

São mais criaturas em cena, mais destruição, mais vítimas, mais problemas a serem descobertos / resolvidos simultaneamente e, até mesmo, mais duração: 116 minutos (o antecessor, “Megatubarão”, tem três minutos a menos).

O que significa que o bom e velho superlativo segue dando o tom à produção que, sob a direção de Ben Wheatley mostra-se ainda mais disposta a abraçar a ideia de que vivemos na mesma época em que gigantescas criaturas pré-históricas habitam o fundo do oceano. E isso bastaria para levar adiante a premissa de que não se deve mexer com quem está quieto, mas, se fosse assim, não haveria filme para exibir.

Baseada no livro “The Trench: Meg 2” (romance de terror / ficção científica de Steven Alten), a trama se passa cinco anos depois dos acontecimentos vistos no longa anterior e mostra o mergulhador profissional Jonas Taylor (Jason Statham) trabalhando em uma estação de pesquisa marinha, para quem executa serviços como uma espécie de espião ambiental, ajudando a levar à justiça, criminosos que não se importam com as graves consequências de suas ações em detrimento do meio-ambiente.

O local de estudos mantém Haiqi, uma fêmea de Megalodonte, em cativeiro – o que não parece uma boa ideia (pelo menos para quem vê de fora). Mas, esse não será o único exemplar da espécie em tela, uma vez que inesperados caminhos de uma expedição de rotina levarão Jonas e a equipe co-liderada por Jiuming (Jin Wu) às profundezas da chamada trincheira, localizada na Fossa das Marianas, considerada o ponto mais profundo do oceano.

Lá, descobrirão uma base clandestina para a prática de atividades ilegais de mineração subaquática, que faz parte de uma rede de intrigas, traições e, acima de tudo, ambição desmedida. Ou seja, é o grande paradoxo da humanidade: o, supostamente, único animal racional da natureza, também é o que comete os maiores erros (mesmo que isso, em algum momento, vá levá-lo à ruína).

Assim como no título de 2018, “Megatubarão 2” mantém a aposta de demorar para revelar os verdadeiros astros da narrativa, porque Jason Statham pode até ser interessante (ainda mais quando assume de vez o tipo de atuação pela qual estabeleceu sua extensa base de fãs), mas o melhor de se ver são as criaturas (tanto as já conhecidas, quanto as inéditas que acrescentam – e muito – ao que é mostrado).

Personagens como DJ (Page Kennedy) e James ‘Mac’ Mackreides (Cliff Curtis) voltam à ação em participações maiores e mais ativas. E, a agora adolescente Meiying (Shuya Sophia Cai), fica com a responsabilidade de protagonizar os momentos mais emocionais, que, se podem parecer destoantes à primeira vista, acabam tendo relevância no contexto geral.

Não há como se esperar mais do que é entregue ao público. A história é descomplicada, as reviravoltas (em sua maioria) esperadas, o desenvolvimento linear. E isso, junto a tomadas de câmera incríveis (em ângulos bastante inusitados), é suficiente para fazer de “Megatubarão 2” uma boa opção para quem procura apenas por diversão pura e simples, sem exigir muitas explicações, apenas porque é memorável ver algo dessa dimensão no cinema.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicada no Site A Toupeira.

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