Crítica: “Asteroid City”

Falar de uma obra de Wes Anderson é como falar sobre aspectos da história humana – às vezes não compreendemos, em outras nos surpreendemos, mas com certeza, acabamos fazendo parte em algum momento. E, definitivamente, seu novo trabalho, “Asteroid City”, chega para impactar a ideia do que é cinema.

Anderson sempre mira em aprimorar conceitos e técnicas do audiovisual. “O Grande Hotel Budapeste”, de 2014 e “A Crônica Francesa”, de 2021 são ótimos exemplos, com visuais estonteantemente chamativos, caricatos, um roteiro empenhado em mostrar o melhor dos seus atores e atrizes, além de aprofundar nas facetas que cada personagem pode desenvolver, seja com grande ou pequeno tempo de tela.

Na nova trama, acompanhamos Jason Schwartzman (Augie Steenbeck) e seus quatro filhos excêntricos, em destaque para o gênio Woodrow interpretado muito bem por Jake Ryan, após chegarem na pequeníssima cidade de 87 habitantes da fictícia Asteroid City, “famosa” por abrigar um asteroide que caiu milhares de anos antes da era moderna e por ser campo para teste nucleares. No local, desenrolam-se eventos que cruzam a vida de diversos outros personagens com pequenos e grandes papéis.

O mais interessante em “Asteroid City” é a capacidade de contar uma história. Wes Anderson e Roman Coppola entregam aqui um roteiro muito bem desenvolvido, ainda que em vários momentos, muita coisa aconteça, e ao mesmo tempo, nada acontece. É um filme que demonstra que mesmo em uma cidade pequena, cada papel importa, cada serviço desempenhado por uma pessoa faz toda diferença. Enquanto também é uma sátira quase teatral de como a vida pode ser tão “engessada”.

E falando em teatral, Anderson brinca aqui com a mistura entre teatro e cinema, e como estas duas mídias podem funcionar. Nada no longa é real, são apenas atores e atrizes desempenhando seu papel, através da direção de um diretor excêntrico, interpretado por Edward Norton.

São muitos rostos famosos, em que cada um tem sua função muito heterogênica dentro da trama. Destaque para as brilhantes atuações de Scarlet Johansson, Jason Schwartzman, Tom Hanks, Jeffrey Wright, Sophia Lillis e tantos outros. Realmente, é uma produção que tem muitas atuações memoráveis.

“Asteroid City” pode ser difícil de engolir. Mas, para quem gosta da filmografia de Anderson, pode acabar sendo conquistado por este. Para os desavisados, talvez pareça apenas um desperdício de tempo. Mas, para todo cinéfilo, é, sem dúvida, um importante filme para se aproveitar.

por Artur Francisco

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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