Primeiras impressões sobre o jogo “Born of Bread”

O conceito de golem vem da cultura judaica, conectado a lendas sobre um humano artificial feito de barro, sendo o termo pego pelos jogos de RPG desde os anos 1990 para designar criaturas humanoides artificiais como um todo dentro das histórias de fantasia, assim como para criaturas feitas de rocha.

E aqui está o primeiro toque de fofura que existe em “Born of Bread”, pois o protagonista é um golem feito de pão, um menino chamado Leaf, cuja relação com o padeiro que o criou por acidente lembra muito as ideias de Pinóquio e Gepeto, mas sem cair na tentação de ser apenas mais uma releitura do conto clássico.

 

Nesse jogo das empresas Deam Villagers e Plug In Digital, temos um mundo com a estética de fantasia medieval, mas quase tão avançado tecnologicamente quanto o nosso. Ao invés de elfos e orcs tradicionais existem espécimes animais inteligentes que parecem saída de desenhos animados.

Toda a estética lembra algo mais cartunesco e familiar, puxando o visual dos jogos 3D do Nintendo 64, mas com refinamento visual e técnico atual, sendo os personagens em si em 2D. E essa similaridade não é acidental, com os produtores falando da inspiração clara na linha de RPGs Paper Mario.

Na trama, você precisa salvar o reino e libertar seu pai. Um grupo de entidades malignas da extinta Civilização do Âmbar escapou e está promovendo o caos. Para piorar, o padeiro foi preso pois, como Leaf ganhou vida no mesmo dia, a rainha acredita que o padeiro é um feiticeiro que criou tais entidades.

Temos dois tipos de jogabilidade: a de exploração e a de combate. Os cenários devem ser analisados para conseguir bônus, itens extras e cumprir missões específicas atrás de pessoas e objetos escondidos para a trama avançar.

Já o sistema de combate é um RPG de turno, mas com um pequeno diferencial. Cada golpe, ao ser ativado, vira um mini game distinto de habilidade cuja pontuação vai definir seu poder de ataque, assim, há um dinamismo adicional, sem entrar na complexidade dos sistemas táticos.

Simplicidade sem ser simplório é o tema do jogo. Música, animação, mecânicas, tudo é feito para ser o claro e direto possível mas tendo algum grau para construção individual dos personagens. E a estética de desenho animado pega tudo sem ficar visualmente poluído.

O sistema de gravação parece anotações de lista de compras, a ficha dos personagens com seus itens, missões e habilidade lembra um fichário colorido, tudo para fazer você mergulhar dentro do clima.

O jogo está disponível para todas as plataformas e não exige muito do computador, recomendável tanto para jogadores que gostam do início da era 3D, assim como para RPGistas que desejam algo mais suave para relaxar, ou mesmo se você nunca jogou um RPG antes e gostaria de tentar algo não muito complexo, mas divertido.

por Luiz Cecanecchia

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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