Crítica: “Trolls 3 – Juntos Novamente”

Realizar sequências de qualidade é uma missão complicada para qualquer obra que se dispõe a contar mais de um capítulo. Mas, parece que a tarefa é fácil, quando se trata de criaturas coloridas e apaixonadas por música, que ganharam as telonas em 2016, retornaram em 2020 (depois de vários adiamentos, devido à pandemia) e agora chegam com sua mais nova aventura.

A trama de “Trolls 3 – Juntos Novamente” (Trolls Band Together) segue a mesma fórmula das produções anteriores, com muita cor, ritmo e uma trilha sonora caprichada (que traz versões de sucessos atemporais como “Keep it coming love” de KC and the Sunshine Band, “Sweet Dreams (Are made of this)” de Eurythmics, e “Fame” de Irene Cara. Além da inédita “Better Place” de ‘NSYNC).

A diferença primordial está no fato do roteiro de Jonathan Aibel e Glenn Berger acrescentar uma grande dose de emoção, no que diz respeito a um tema abrangente o bastante para render variados tipos de narrativa: relacionamentos familiares.

Dirigida por Walter Dohrn (com co-direção de Tim Heitz), a animação começa exibindo um flashback da era de ouro da BroZone, extinta boyband formada por Tronco, ainda bebê (nessa fase, com a voz de Alan Kim / Ítalo Soares) e seus quatro irmãos. O sucesso alcançado não foi suficiente para impedir o fim do grupo, que se viu desfeito pela incapacidade de seus membros atingirem a sonhada “Harmonia Perfeita em Família”.

Com um salto de vinte anos, agora vemos os acontecimentos posteriores a “Trolls 2”, com o casamento dos Bergs, Bridget (Zoey Deschanel / Márcia Coutinho) e Rei Gristle Jr. (Christopher Mintz-Plasse / Charles Emmanuel). Durante a cerimônia, acontece o inesperado retorno de John Dory (Eric André / Duda Ribeiro), irmão mais velho de Tronco (Justin Timberlake / Hugo Bonemer) e ex-líder da banda favorita de Poppy (Anna Kendrick / Jullie).

A aparição – após tanto tempo – se faz urgente, pela necessidade de se juntar mais uma vez o quinteto original, cuja formação é a única que pode salvar a vida de Floyd (Troye Sivan / Yuri Tupper), outro dos irmãos, que foi sequestrado pela dupla de cantores mais famosa da atualidade, Veludo (Amy Schumer / Karen Padrão) e Cotelê (Andrew Rannels / Marcus Eni).

Para ajudar nessa busca, Tronco e John Dory terão a companhia da Rainha dos Trolls, Poppy – com mais energia do que nunca, e Tico Diamond (Kenan Thompson / Marcos Souza) – que completou um mês de nascimento e já se considera um homenzinho.

O percurso até chegar a Monte Irado – local onde Floyd está aprisionado, e palco da maior apresentação dos astros do momento – será recheado de surpresas e aparições de novos e adoráveis personagens, com destaque para Viva (Camila Cabello / Larissa Manoela), cuja história pregressa deve emocionar os mais sensíveis a assuntos pendentes em família.

Fazendo jus à proposta de ser uma animação com viés musical, “Trolls 3 – Juntos Novamente” mantém a sabedoria em criar citações envolvendo grandes nomes da música – algumas que acabam perdendo parte do sentido devido à tradução, mas que ainda assim, serão percebidas pelos fãs de boybands da vida real.

Dando show, a dublagem brasileira (nesse caso, sob a direção de Andrea Murucci) e suas expressões adaptadas para a nossa cultura deixam certas situações ainda mais divertidas.

É muito bom perceber que, após dois longas para o cinema e uma série televisiva que já soma oito temporadas, a “showtástica” franquia Trolls não apenas mantém, mas eleva suas virtudes e mostra que ainda há muito a se contar sobre esse mundo “fantástincrível”.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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