Crítica: “Aquaman 2: O Reino Perdido”

Hoje pela manhã, a caminho para a Cabine de Imprensa de “Aquaman 2: O Reino Perdido” (Aquaman and The Lost Kingdom), meus sentimentos eram conflitantes.

Como alguém que assistiu no cinema a todos os filmes do DCEU lançados até aqui, e acompanhou os altos e baixos vividos pelas produções, é claro que eu queria que o longa que encerra esse universo como o conhecemos fosse bem sucedido. Por outro lado, uma parte do meu coração torcia para não ser grande coisa, porque assim, talvez a tristeza pelo término fosse menor.

A visualizar a abertura da DC Comics (também mostrada pela última vez dessa maneira), a imponente figura de Arthur Curry (Jason Momoa) e ouvir suas primeiras palavras, tive a certeza de como me sentiria pelos próximos 124 minutos.

A trama nos mostra o que aconteceu na vida do protagonista após os acontecimentos apresentados em “Aquaman” (adaptação de quadrinhos da DC de maior sucesso nas bilheterias, arrecadando US$ 1,152 bilhão), com o atual Rei de Atlântida tendo que lidar com as responsabilidades de ser um governante, enquanto assume o papel de pai do fofíssimo Arthur Jr. e de marido de Mera (Amber Heard) – que agora reina a seu lado.

Como divulgado nos materiais promocionais, o vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Matten II) está de volta, com uma sede de vingança ainda maior. Na busca de uma forma de acabar com a paz de Aquaman, ele encontra o poderoso Tridente Negro (artefato do Reino Perdido do título), através do qual tem acesso a uma misteriosa força maligna que, em troca de libertação, poderá ajudar em seus propósitos.

Quando a ameaça ganha ares de destruição massiva – através de mutações na fauna e flora terrestre e um aquecimento global crescente e contínuo – o Rei dos Mares precisará da improvável ajuda de seu irmão Orm (Patrick Wilson) para evitar uma catástrofe sem precedentes.

O roteiro de James Wan (também retornando à direção), David Leslie Johnson-McGoldrick, Jason Momoa e Thomas Pa’a Sibbett tem ares de aventura empolgante – com ótimas lutas e sequências visuais deslumbrantes, amplificadas pela tecnologia 3D – e a participação de novas e surpreendentes criaturas marítimas (destaque para Tempestade e Topo).

Assim como alcança êxito ao tratar de temas mais emocionais, como a importância da família – arco que conta com a presença de outros três personagens fundamentais: Tom Curry (Temuera Morrison), Rainha Atlanna (Nicole Kidman) e Rei Nereus (Dolph Lundgren).

Mas, o maior acerto da produção é a química mostrada entre Jason Momoa e Patrick Wilson. A dupla equilibra doses de humor (há algumas tiradas bem sagazes) e companheirismo, pinceladas por uma justa desconfiança causada por ações prévias de Orm. Outro destaque é a manutenção de Rupert Gregson-Williams como compositor da trilha sonora original, assim como a execução precisa de “Born to be Wild”, sucesso atemporal da banda americana Steppenwolf.

No fim das contas, “Aquaman 2: O Reino Perdido” funciona muito bem como obra isolada, mas é um pouco triste perceber que, obviamente devido à descontinuidade do DCEU criado por Zack Snyder, não há nenhuma menção às demais figuras que atuaram ao lado do Soberano de Atlântida, ao longo desses anos.

É como se o filme fosse aquela pessoa que é deixada para trás – sem nenhuma culpa – e, que nem sempre por vontade própria, permanece para (o literal) apagar das luzes, quando a festa já acabou e todos os demais convidados já foram embora há tempos.

Dez anos e dezesseis títulos depois, posso dizer que o DCEU, apesar de sua inegável instabilidade, me proporcionou bons momentos: sorrisos, lágrimas de emoção, risadas, esperança, e eu levarei muita coisa boa no memória. A derradeira é uma frase de Tom Curry, pai de Aquaman: “Às vezes, não desistir é o que você pode fazer de mais heroico”.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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