Crítica: “Oito Mulheres e um Segredo”

Em 1960, Danny Ocean (interpretado por Frank Sinatra) e dez comparsas aproveitaram a véspera do Ano Novo para roubar milhões em Las Vegas. Em 2001, o remake trouxe George Clooney no papel principal e a ação de volta aos cassinos – o personagem retornaria nas continuações de 2004 e 2007.

Onze anos depois, o time de ladrões passa a ser formado por mulheres maravilhosas que levam a tríade inteligência + charme + competência às telas e fazem de “Oito Mulheres e um Segredo” (Ocean’s 8) um dos títulos mais bacanas do primeiro semestre de 2018.

Sandra Bullock – que também é produtora executiva do filme – dá vida à Debbie Ocean que, assim como seu irmão Danny, tem a habilidade inata para o crime. Após passar pouco mais de cinco anos na cadeia, ela tem direito à liberdade condicional para, como ela mesma diz em seu depoimento, arrumar um emprego e viver uma vida simples. Essa é apenas a primeira vez em que sua lábia infalível e calma invejável serão usadas a seu favor durante a história.

Com tempo e inteligência de sobra, Debbie consegue planejar – com riqueza de detalhes – um grande roubo a ser executado na noite do Met Gala, um dos eventos mais festejados (e desejados) de Nova York, onde o luxo, a ostentação e as celebridades ocupam o mesmo espaço. Durante a festa, a intenção é conseguir colocar as mãos em um colar Cartier de diamantes, avaliado em US$ 150 milhões, que será usado pela atriz em evidência Daphne Kluger (Anne Hathaway), uma das presenças mais aguardadas da cerimônia. Já que é para voltar às atividades, que seja em grande estilo, não?!

Para a execução de seu plano, ela consegue formar um grupo tão distinto quanto eficaz, que inclui desde sua antiga companheira de crimes, Lou (Cate Blanchett) a uma estilista falida (Rose Weil, papel de Helena Bonham Carter) que visa seu retorno pela porta da frente ao mundo da moda e glamour – ainda que para isso entre escondida pela porta de trás – entenda-se fazendo parte do assalto.

Se a história parece “simples” à primeira vista – mas nem por isso menos divertida – é ótimo quando o roteiro (escrito por Olivia Milch e Gary Ross – este também à frente da direção) nos surpreende de maneira tão inesperada. Debbie, assim como todo bom estrategista, não revela todas as nuances de seu plano logo de cara, e isso faz com que a narrativa ganhe uma agilidade ainda mais incrível e interessante.

As personalidades de cada integrante, tão díspares entre si, conseguem imprimir um estilo único ao grupo, que passa a depender do sucesso individual de cada uma delas para obter êxito total. Assim como é fundamental a habilidade em lidar com imprevistos no meio do caminho, que acontecem em vários momentos e aumentam a expectativa do público que, mesmo sabendo que elas agem contar a lei, facilmente se pega torcendo para que não sejam capturadas.

Com todos os elementos funcionando em sintonia, do elenco impecável à eficácia em se manter uma trama interessante por 110 minutos, “Oito Mulheres e um Segredo” surge como excelente pedida para quem procura por diversão de qualidade.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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