Crítica: “O Chamado do Mal”

O título original de “O Chamado do Mal” é “Malicious” (Malicioso, em tradução literal). Mais uma vez, parece que há uma crença de que basta colocar a palavra “Mal” na apresentação que tudo ficará mais assustador. Não é este o caso.

A trama do filme dirigido por Michael Winnick começa bem promissora, ao mostrar uma sequência rápida / perturbadora, que será explicada ao longo da projeção. A história em si gira em torno do casal Adam e Lisa (Josh Stewart e Bojana Novakovic, respectivamente), prestes a começar uma nova vida em outra cidade, graças à contratação de Adam por uma universidade local – que, por sinal, é responsável por lhes oferecer a casa em que viverão junto ao primeiro filho que esperam.

Como preza uma boa obra do gênero terror, além de ficar em uma área na qual o marasmo pode ser confundido com tranquilidade, a casa é ampla – até demais. Como também é usual (embora não faça sentido), não há nenhum aparelho de televisão, rádio, ou mesmo algum eletrodoméstico em funcionamento, e existe uma franca predileção em se manter os ambientes à meia-luz. Ah, e é claro que há uma floresta pouco frequentada bem próxima à residência.

Neste ambiente “pacato”, um ato simples envolvendo um presente de boas-vidas de Becky (Melissa Bolöna) acarretará problemas inimagináveis, iniciados pelo aborto espontâneo da protagonista – que ficará impossibilitada de ter novas gestações futuras.

A partir desse ponto, coisas anormais começam a acontecer, como a presença de uma entidade que troca de aparência com uma estranha velocidade – de acordo com a vítima a ser assombrada -, sendo capaz até mesmo de surgir com várias feições simultaneamente, fato que me pareceu o mais confuso / incômodo de todos.

Para auxiliar o casal a tentar entender o que se passa – e como se livrar do que os aflige -, Dr. Clark (Delroy Lindo), o professor chefe do departamento de Adam na universidade, oferece seus serviços: além de matemática, ele também é expert em atividades paranormais, ou seja: abraça a lógica e o sobrenatural. Bem propício, mas talvez um pouco improvável.

Felizmente, a produção não recorre a sustos fáceis – o que em boa parte das vezes não surte o efeito desejado – o que faz o suspense ganhar mais peso do que o terror puro. Mas, a tentativa em se prender a atenção do público acaba perdendo força conforme a narrativa avança, por sua escancarada previsibilidade. Há de se destacar um acontecimento, já próximo ao fim do filme, que até que tentou escapar disso, mas é ofuscado por todo o resto.

Os minutos finais têm tudo para deixar alguns espectadores chocados, não por sua qualidade, mas pela discrepância de informações que poderiam dar sentido a eles. Uma obra que já era apenas regular é encerrada de maneira quase imperdoável.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

Comments are closed.