Crítica: “Era uma vez um Deadpool”

Pode parecer tarefa complicada não associar a imagem de certo Mercenário Tagarela dos quadrinhos a palavrões ou cenas explícitas, mas acredite: isso não só é possível como o resultado chega aos cinemas com a estreia de “Era uma vez um Deadpool” (Once Upon a Deadpool).

O longa é uma improvável versão “permitida para menores” de “Deadpool 2”. A trama, apesar de continuar basicamente a mesma, agora não faz uso de nenhum recurso – gráfico ou textual – que possa limitar a faixa etária de seus espectadores. Tal processo pode incomodar alguns fãs mais radicais do personagem, mas acaba se mostrando muito válido e eficiente.

O grande trunfo do filme é apostar em seu carismático protagonista para fazer graça da inusitada situação. Em cenas concebidas especialmente para essa interpretação, Deadpool / Wade Wilson (Ryan Reynolds), como já visto no trailer e em vídeos promocionais divulgados previamente, aparece em um cenário que remete ao famoso título de 1988, “A Princesa Prometida”, no papel de contador de histórias.

O ouvinte dessa espécie de “Conto de Natal” é Fred Savage, cuja participação, apesar de forçada (obviamente mais uma boa tirada da produção), traz uma excelente química com o anti-herói. Isso os torna capazes de alcançar o status de uma das duplas mais divertidas dos últimos tempos nas telonas.

Entre ótimas piadas e uma edição sagaz, que mantém o filme como um bom título de ação, o destaque fica para a excelente opção em se alternar o que já foi apresentado antes a sequências inéditas e muito engraçadas com o inusitado dueto. A sensação é de que mais do que espectadores em uma sala de cinema, também nos tornamos atentos ouvintes da história contida na obra lida por Deadpool – que aliás, é composta de desenhos bem característicos e de design simples e infantil.

Eu realmente amei essa nova versão e acredito que ela vá funcionar tanto para quem viu o longa original, quanto para quem só agora tiver contato com a trama. Que Ryan Reynolds é o Deadpool definitivo, não é novidade, mas ficou mais visível o quanto ele se divertiu com as novas cenas, assim como o ator convidado, Fred Savage.

Para deixar tudo ainda melhor, em uma sempre bem-vinda ação solidária, a produtora Fox vai repassar parte da renda obtida com o filme à fundação Fudge Cancer. Seria ótimo se mais distribuidoras fizessem algo parecido com a bilheteria de algumas super- produções daqui pra frente.

por Angela Debellis*

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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