Crítica: “O Menino que queria ser Rei”

A opção de se trazer lendas e mitos já consagrados pela história para os dias atuais é (muito) arriscada, mas também, quando bem executada, pode render tramas, no mínimo, interessantes.

Apesar de ter como mote central o mito de Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, o famoso monarca não aparece em “O Menino que queria ser Rei” (The Kid who would be King), longa dirigido por Joe Cornish e que tem como protagonista Alexander William “Alex” (Louis Serkis), um jovem estudante que, apesar de sua boa índole – ou talvez justamente por causa dela – sofre com um violento bullying na escola, praticado pela dupla Lance (Tom Taylor) e Kaye (Rhianna Dorris).

Em uma das fugas de Alex, para se proteger dos valentões, ele acaba se escondendo em um canteiro de obras. De maneira conveniente, no centro desse local há uma pedra bastante visível com uma espada nela fincada. Sim, estamos falando da mítica Excalibur e de sua lenda que prega que apenas o legítimo herdeiro do rei conseguirá empunhá-la.

Após a fascinante – embora à primeira vista duvidosa – descoberta, o protagonista se vê diante de uma importante missão: através dos ensinamentos do Mago Merlim (interpretado na versão jovem por Angus Imrie e na versão mais conhecida do público por Patrick Stewart), caberá ao garoto formar uma espécie de exército para combater a cruel meia-irmã de Artur, Morgana (Rebecca Feguson).

Com o início da trajetória de Alex, que agora tem a companhia de seu melhor amigo Bedders (Dean Chaumoo), de Lance e Kaye – que frente à iminência de uma guerra global deixam as rixas de lado -, a vilã desperta em uma espécie de cárcere subterrâneo, no qual esteve mantida durante séculos, com a óbvia intenção de confiscar a espada que acredita ser sua por direito, destruir a Grã-Bretanha – onde a trama se passa – para no final, acabar com a humanidade.

Todos os elementos, dos mais eficientes aos declaradamente clichês, estão presentes na trama, o que transforma o filme em uma boa pedida para os fãs da boa e velha jornada do herói, com direito a descobertas sobre seu passado, tomada de difíceis decisões e o inevitável salto em direção às responsabilidades.

Destacar a excelência de Patrick Stewart parece desnecessário – apesar de sua participação em cena não ser tão grande. Mas, vale dizer que o personagem Merlim é o mais cativante, inclusive pela atuação de Angus Imrie, que dá ao Mago, além do ar jovial, uma aura muito divertida e até mesmo surpreendente.

O ponto mais fraco da produção talvez sejam os efeitos especiais do arco final, que em alguns momentos deixam a desejar – principalmente no que diz respeito às transmutações de Morgana -, mas que não chegam a comprometer o enredo em seu todo.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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