Crítica: “De Pernas pro Ar 3”

A vida da mulher moderna é uma verdadeira montanha-russa de sentimentos, que incluem o mais do que fundamental amor próprio, o orgulho pelo êxito na carreira profissional e a culpa pelo pouco tempo passado com a família. Tudo isso somado à confusão que se instala quando diversos fatores convergem para resultar em tomadas imprevistas de decisões.

Em tom leve e bem-humorado, e sob a direção de Julia Rezende, a comédia nacional “De Pernas pro Ar 3” leva às telas a exaustiva rotina de Alice Segretto (Ingrid Guimarães), proprietária da rede de sex shops “Sexy Delícia” e nome muito influente no mercado mundial de produtos eróticos.

Com o sucesso profissional alcançado, mas com dificuldades em se relacionar com a família – devido a compromissos de trabalho em vários países – Alice começa a se questionar sobre o quanto afetaria sua vida caso ela se afastasse dos negócios. Ao deixar sua mãe Marion (Denise Weinberg) à frente da bem-sucedida empresa, ela se vê tendo que desempenhar um papel que está longe de ser simples: o de mãe, esposa e dona-de-casa.

O que já não parecia ideal, ganha ares de preocupação real com o surgimento de Leona (Samya Pascotto), jovem visionária que insere a tecnologia como novidade no mercado até então dominado por Alice. Os pares de óculos de realidade virtual patenteados pela garota são responsáveis por um dos momentos mais engraçados do longa, que tem a participação especial de Cauã Reymond, convidado diretamente por Ingrid Guimarães.

A interação dos profissionais (confirmada na Coletiva de Imprensa com parte do elenco e equipe técnica) é visível e parte importante para o triunfo em divertir a plateia. Com o sexo permanecendo como tema relevante (polêmico para uns, natural para outros), a produção consegue transformar temas que poderiam ser constrangedores / incômodos para parte do público, em momentos verdadeiramente engraçados, como a sequência em que a personagem de Cristina Pereira, Rosa, imagina que João (marido de Alice, interpretado por Bruno Garcia) está traindo a esposa.

A terceira parte da franquia iniciada em 2010 consegue manter o interesse dos espectadores ao atualizar-se de maneira eficiente e original. Unir três gerações em cena e assumir que em nove anos desde a estreia de “De Pernas pro Ar” muita coisa no mudou – inclusive a no que diz respeito a assuntos sexuais – faz do longa uma produção equilibrada e eficaz, que emociona e diverte com a mesma fluidez.

Vale conferir.

por Angela Debellis

Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

Comments are closed.