Crítica: Casal Improvável

Faz muito tempo que as produções americanas voltadas para a comédia necessitam de uma renovação, pois a velha fórmula de filmes com essa temática já está muito saturada. Demorou mas finalmente esse frescor chegou.

“Casal Improvável” (Long Shot) traz um novo tom à comédia romântica. O que há de diferente e inovador é o fato da obra trazer um mix entre os clichês desse tipo de produções como a velha história da mulher em um patamar social, cultural, financeiro superior e com educação muito distinta do homem com quem se relaciona.

Tendo o roteiro muito similar às outras produções do gênero, “Casal Improvável” se destaca por trazer novos rostos à comédia: a atuação de Charlize Theron é o diferencial do filme. Interpretando Charlotte Field, secretária de estado dos Estados Unidos e prestes a concorrer à presidência da república, ela reencontra Fred Flarsky (Seth Rogen), jornalista que havia acabado de se demitir do jornal onde trabalhava, por não compartilhar dos mesmos ideais da empresa.

Fred estudou na mesma escola que Charlotte e desde os 12 anos de idade nutre uma paixão por ela, porém sempre se achou feio, desleixado e achava que jamais estaria a sua altura. Com a necessidade de um assessor que a conheça bem para escrever seus discursos, Charlotte contrata Fred para trabalhar em sua equipe – o que gera desconforto nos demais funcionários. Partindo dessa premissa o filme nos presenteia com uma gostosa e envolvente história de amor, cheia de aventuras, conflitos e situações constrangedoras.

O que mais atrai a atenção do espectador são as abordagens de assuntos políticos que estão em alta no mundo inteiro, como a preservação do meio ambiente – sendo essa uma das propostas de campanha de Charlotte Field, o empoderamento feminino e a contenção do aquecimento global.

Todos esses temas tratados de forma irônica e em um tom de crítica ao atual governo americano – se conseguirmos ler nas entrelinhas, o filme traz uma reflexão sobre como os governantes das principais potências mundiais lidam com a preservação do meio ambiente ou a falta dela. Todos dizem governar para sua nação – desde que os interesses da nação sejam os mesmos de quem está no poder, as minorias não importam. E justamente para mudar esse cenário que Charlotte se candidata à presidência.

Abordar assuntos tão sérios que sempre são tratados com tanta diplomacia pela mídia, foi o principal acerto do diretor Jonathan Levine, pois quando apresentados de forma mais dinâmica e descontraída, facilitam o entendimento da população sobre a gravidade da situação. Sendo a indústria cinematográfica uma ferramenta de alcance mundial é sempre muito importante colocar essas pautas em questionamento, afinal porque não aliar lazer e diversão à conscientização?

O ser humano não poderá viver em guerra com a natureza eternamente, precisamos preservar e tentar conscientizar o máximo de pessoas possível, e essa mensagem fica bem clara em “Casal Improvável”.

por Leandro Conceição

*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.

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