“Noite Mágica” (Notti Magiche) dirigido por Paolo Virzi, inicia-se com a morte de um grande produtor do cinema italiano – entre os possíveis suspeitos, estão três roteiristas: Luciano (Giovanni Toscano), Eugênia (Irene Vetere) e Antonino (Mauro Lamantia) que estavam acompanhados do produtor, minutos antes de seu falecimento. Durante os depoimentos, os jovens terão que relembrar cada passo, e tudo que viveram desde que chegaram à cidade para uma premiação.
O longa retrata a época em que a indústria cinematográfica estava em ascendência na Itália, a vida glamourosa e agitada das pessoas que fazia transparecer que tudo era importante e imediato, mas que ao mesmo tempo as coisas deveriam ser desfrutadas da melhor maneira possível.
Uma característica marcante do filme é a libertinagem: esta concepção sugere que os roteiristas e produtores se sentiriam muito mais inspirados se estivessem imersos a bebidas, sexos, etc. Todos esses fatores são tratados de forma a parecer habitual, em momento algum os personagens classificam o que fazem como certo ou errado, os acontecimentos são praticamente vividos de forma automática e banal.
A comédia dramática tem uma história interessante, a resolução das confusões em que os personagens se envolvem sugere uma facilidade que muitas vezes não encontramos perante nossos problemas, tudo parece adequado, e sem grandes complicações. Algo que me incomodou um pouco foi o diálogo extremamente rápido dos personagens: não existe uma pausa, o que causa a impressão de desespero, como se eles tivessem pressa para terminar todas as falas que começavam.
O ar nostálgico cria um laço de saudação aos tempos vitoriosos do cinema Italiano, a produção desenfreada de roteiros, a busca por novas inspirações, o amor à sétima arte. Tudo isso Paolo Virzi consegue transmitir com naturalidade, fazendo com que o público sinta-se íntimo e reviva as belíssimas produções daquela época, sem um contexto apelativo, apenas enaltecendo que a indústria cinematográfica italiana trabalha sempre um busca da perfeição.
por Victória Profirio
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
Comments are closed.