Crítica: “Corgi: Top Dog”

Principalmente de alguns anos para cá é notável a evolução do gênero animação que se mostra capaz de agregar inúmeras e diversas histórias que transitam entre assuntos dos mais banais aos mais complexos com a mesma facilidade e eficiência.

Dirigida por Ben Stassen e Vincent Kesteloot, a animação belga “Corgi: Top Dog” (The Queen’s Corgi) apresenta elementos direcionados a públicos distintos: as piadas com teor político e as referências a outras produções cinematográficas / literárias servem como atrativos para os espectadores mais velhos. Já a presença de cachorros de raças, tamanhos e temperamentos variados deve chamar a atenção da plateia infantil (além, é claro, de quem simpatiza com a causa animal em geral).

A trama nos apresenta Rex (voz de Jack Whitehall na versão original e de João Guilherme na versão brasileira), um Corgi que chega ao Palácio de Buckingham através das mãos do Duque de Edimburgo, Filipe (voz de Tom Courtenay), como um presente para sua esposa, a Rainha Elizabeth (voz de Julie Walters). Logo ele se torna o favorito da monarca que lhe concede o disputado título de “Top Dog”, uma espécie de ratificação de sua preferência.

Tal posição o transforma na marca oficial dos mais diversos produtos e lhe oferece benefícios como não ser repreendido em momento algum (ainda que faça várias bobagens, muitas de maneira proposital). Mas também lhe causa o constrangimento de ser escolhido à força como par da cachorrinha de Donald e Melania Trump, que ao contrário de uma ter uma imagem fofa, é o suprassumo do mau-gosto e da futilidade.

Com isso, Rex torna-se alvo da inveja de Charlie (Matt Lucas), cachorro mais velho da Rainha, que sonha em ser o número 1 do Palácio e que não sofre com nenhum tipo de drama moral que o impeça de alcançar seu desejo. Ao juntar a inocência do jovem à sagacidade do veterano, temos a receita ideal para conduzir a narrativa para fora dos domínios da residência real.

Sem as mordomias que conhecia desde filhote, o mimado (no pior sentido da palavra) cãozinho se vê perdido nas ruas de Londres, enfrentando perigos que nem imaginava existir – incluindo sua retenção em um canil local, cenário em que faz inesperados amigos (e inimigos) e ainda conhece o amor de sua vida. A experiência será o catalisador para sua bem-vinda e necessária mudança de atitudes.

O roteiro é simples e previsível, mas isso não tira o mérito de seu resultado final. A produção é agradável e consegue ser divertida na medida certa. É provável que aqueles que gostam de cachorros e que convivam com eles diretamente identifiquem vários momentos que parecem seguir um tipo de padrão, não importa a que classe social o animal pertença.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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