Crítica: “Predadores Assassinos”

A narrativa de “Predadores Assassinos” (Crawl) – longa produzido pelo excelente Sam Raimi – parte do pressuposto de que nada está ruim que não possa piorar. Afinal, enfrentar a devastação imediata causada por um furacão nível 5 já é algo terrível, mas passar por essas dificuldades tendo que se desvencilhar de jacarés furiosos é ainda mais temeroso.

Kaya Scoldelario dá vida à Haley Keller, jovem campeã de natação (o que já a deixa em certa vantagem logo que isso é revelado nas primeiras cenas) que não mantém um bom relacionamento com o pai Dave (Barry Pepper) desde que ele se divorciou de sua mãe. Mas, tal fato não a impede de entrar no olho do furacão – literalmente – em busca de notícias que a levem a saber que ele está em segurança ou que contribuam em um suposto resgate.

O quadro – nada favorável – conta com a descoberta de seu pai gravemente ferido no porão da casa em que viviam e de onde parece pouco provável ter êxito na fuga, já que a água que invade o local sobe a olhos vistos e dentro dela há um perigo que coloca suas vidas ainda mais em risco: imensos e famintos jacarés.

O roteiro de Michael e Shawn Rasmussen é simples e gira basicamente ao redor da tentativa de fuga e sobrevivência da dupla. Para dar equilíbrio ao desenrolar da história, para cada pequenino triunfo, há uma nova derrocada, o que faz com que o espectador por muitas vezes se questione até que ponto existem chances reais de o final ser prodigioso para os personagens.

Mesmo que não deva ser considerado como um título de terror absoluto – já que tende a pender mais para o bem executado suspense – o filme dirigido por Alexandre Aja conta com alguns dos melhores jump scares dos últimos tempos, que de fato surpreendem a plateia por acontecerem de maneira eficiente e inesperada. Pode se preparar para pular da cadeira em, pelo menos, dois momentos.

As cenas que envolvem a força da água são bem feitas e a união desse elemento à sensação sufocante provocada por um ambiente tão restrito quanto um porão são decisivas para manter o interesse do público. Também vale ressaltar que a duração de apenas 88 minutos contribui para a compactação e rapidez dos fatos, o que conduz a um resultado frenético e que não permite nenhuma brecha de respiro entre uma situação que se resolve e outro novo problema que surge.

Sobre os jacarés em si, como não chega a ser surpresa, eles assustam mais quando estão submersos do que quando são mostrados em close. A insinuação de suas silhuetas sob a água lamacenta inspira mais terror pela falta de visão que os personagens têm, o que significa que podem estar muito mais à mercê das criaturas do que imaginam.

Cabe dizer que, embora pai e filha sejam os protagonistas, também há a participação de Sugar (Cso-Cso), a cachorrinha da família, o que é um motivo a mais de aflição para quem sabe que a aparição de animais em filmes do gênero normalmente é motivo para ainda mais preocupação e torcida.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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