Crítica: “A Turma do Pererê.doc”

A Turma do Pererê.doc”, dirigido por Ricardo Favilla, retrata o desenvolvimento da primeira revista em quadrinhos brasileira, na qual o grande cartunista Ziraldo foi pioneiro em abordar questões sociais e ecológicas em suas histórias.

Ziraldo criou os personagens principais em 1958, e a partir do ano seguinte, os primeiros cartuns passaram a ser publicados pela extinta revista O Cruzeiro. A princípio, o título dado as histórias levavam apenas o nome de “Pererê”, além de serem as primeiras revistas brasileiras em quadrinhos coloridas.

Mesmo que o documentário seja visto pelos mais jovens, ele ainda será capaz de nos remeter a uma sensação nostálgica, pois a mensagem que cada historinha transmite é tão atual, quanto na década de 1960. Desde as primeiras edições, Ziraldo se preocupava em abordar temas que eram de imensa importância na sociedade, mas que não eram debatidos da forma como deveriam.

O documentário é preenchido com as falas de diversos profissionais que tiveram contato com o próprio cartunista ou com seu trabalho. Acredito que esse seja o ponto alto da obra, já que podemos observar pessoas de diferentes idades e especialistas sobre o assunto debatendo sobre algo que marcou gerações, e que até hoje tem um valor significativo.

Apesar de ter muito assunto para contar, a produção consegue reunir muito bem todos os fatos, desde o momento da criação das revistas, até os pontos altos e baixos. Ziraldo cativou o público durante um bom tempo, até que em 1964, as histórias tiveram que parar de ser publicadas por conta da ditadura militar.

Foi em 1975 que a Editora Abril ofereceu ao cartunista a chance de voltar a trabalhar com seus personagens, mas houve algumas mudanças. A revista recebeu o título atual de “A Turma do Pererê”, porém, a segunda edição das histórias acabou sendo cancelada, por não vender da forma como editora esperava.

Em alguns trechos do documentário, Ziraldo esboça um pouco da sua frustação quanto ao tempo em que as coisas não fluíam muito bem, mas a todo momento é nítido o quanto ele tem um carinho enorme pelos personagens e por suas obras. Foi exatamente o sentimento de amor e apego que ele conseguiu transmitir aos leitores durante todos esses anos, pois não estamos apenas falando de um simples quadrinho, mas de valores e lições que nunca ficarão ultrapassados.

por Victória Profirio

*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.

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