Crítica: Playmobil – O Filme

Principalmente nos últimos anos, o ramo das animações tem colocado em pauta assuntos que podem ser considerados de cunho mais sério do que apenas a intenção básica de entreter, o que transformou o gênero em algo atrativo para várias faixas etárias e não somente as crianças (que seriam, de início, o óbvio público-alvo).

Ainda assim, sobra espaço para produções com narrativas mais simplistas – mas nem por isso menos interessantes – e que abraçam o risco de agradar a um nicho mais restrito de público. Esse é o caso de “Playmobil – O Filme” (Playmobil – The Movie), trabalho de estreia de Lino DiSalvo como diretor.

A trama, que se inicia sob a forma de um filme live – action, gira em torno da rotina de Marla (Anya Taylor-Joy) e Charlie (Gabriel Bateman), dois irmãos que tem na cumplicidade e carinho mútuo as melhores armas para enfrentar a perda repentina dos pais.

A carga de responsabilidade que é imputada à jovem protagonista logo no começo do longa, faz com que esta abandone seu sonho de percorrer o mundo em busca de aventuras, para se dedicar à criação do irmão caçula, de quem sem querer, acaba se distanciando emocionalmente – embora cumpra o papel de responsável por ele.

Tudo muda quando a dupla é conduzida – no sentido literal – para dentro do cenário de uma exposição de brinquedos da linha Playmobil. A partir desse ponto, os atores são mostrados em tela sob a forma dos simpáticos bonequinhos que foram uma verdadeira febre entre as crianças da década de 1970 e que têm a clara intenção de voltarem a se destacar no mercado de brinquedos. Caberá aos irmãos encontrar o caminho de volta para casa, após, é claro, encarar as mais diversas situações.

Nesse inesperado cenário, Charlie surge no corpo de um guerreiro viking (papel que sempre desempenhava durante as brincadeiras com a irmã), enquanto Marla ganha uma versão literal de sei mesma, incluindo penteado e figurino bem mais formais do que eram na época em que se deixava levar pela imaginação.

O que mais chama a atenção é o fato de haver múltiplas ambientações e personagens no longa roteirizado por Gerg Erb, tendo cada uma, a função de contribuir para contar parte da história – de piratas a fadas, de agentes secretos a vendedores de food trucks, todos têm sua importância no contexto geral.

Sem oferecer nenhuma novidade impactante (o que não é, em absoluto, um problema), “Playmobil – O Filme” consegue manter o charme necessário a uma animação clássica, com tudo bem definido – dos mocinhos aos vilões – seguindo uma trajetória que, apesar de bastante óbvia, continua forte e capaz de entreter os espectadores.

Fica a dica para os mais velhos: em todos os cenários há easter-eggs de famosas produções, em especial as que foram realizadas nos idos de 1980. Alguns são bem visíveis, outros serão localizados apenas pelos mais atentos.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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