Crítica: A Batalha das Correntes

Finalizado em 2017, “A Batalha das Correntes” (The Current War), que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 19 de dezembro, teve sua estreia adiada várias vezes no Brasil, o que não diminuiu meu interesse em acompanhar a história das mentes geniais por trás da descoberta e primeiros passos na utilização da energia elétrica.

A trama tem início em 1886 e mostra o árduo trabalho do centrado George Westinghouse (Michael Shannon) e do excêntrico Thomas Alva Edson (Benedict Cumberbatch), para provar a validade de suas teorias, literalmente trazendo-as à luz.

Ainda que ambos tivessem mentes privilegiadas e almejassem a mesma coisa, os caminhos traçados por eles eram contrários. Enquanto o empresário / engenheiro americano Westinghouse pregava que a melhor solução seria fazer uso da corrente alternada de alta tensão (sob a alegação não só de maior eficácia, mas de menor custo), o “Feiticeiro de Menlon Park” (como Edson era conhecido), era partidário da corrente contínua e não media esforços para provar-se como mais correto.

O longa dirigido por Alfonso Gomez-Rejon mostra justamente essa “disputa” entre os dois, sobrando ainda espaço para um terceiro e importante nome: o do sérvio Nikola Tesla (Nicholas Hoult), que, embora bem menos popular do que a dupla de protagonistas no que diz respeito à história, foi dono de patentes e teorias fundamentais para a modernos sistemas elétricos.

Como já era de se esperar em uma produção de época, o drama roteirizado por Michael Mitnick conta com ótimos figurinos de época, assim como uma cenografia detalhada. O que pode incomodar alguns espectadores é o fato de ter uma fotografia bastante escura, mas totalmente coerente com a proposta, já que a maior parte das cenas é iluminada por velas e até mesmo as que contam com lâmpadas não tem a potência que nos é rotineira na atualidade – embora a parte que mostra a Exposição Mundial em Chicago seja de encher os olhos com sua claridade sendo mostrada em uma sequência crescente.

Fora a indiscutível inteligência dos personagens mostrados em tela, o que mais me chamou a atenção foi, como normalmente acontece, o que se passa “nos bastidores”. Não que seja algo inédito, mas fica fora dos holofotes principais quando se pensa a respeito do caminho traçado até os dias de hoje para o fornecimento de energia: a fim de provar que o produto oferecido por seu concorrente trazia consigo perigo para a vida dos consumidores, Thomas Edson não se furtou em executar vários animais, entre cachorros, cavalos e até mesmo um gorila – inclusive há uma cena que mostra uma dessas atrocidades – culminando no auxílio para a criação da primeira cadeira elétrica do mundo.

“A Batalha das Correntes” é uma boa opção para quem procura por filmes com ritmos mais constantes (sem grandes momentos de reviravolta) e para quem se interessa por grandes fatos que, embora tenham acontecido há tempos, ainda impactam nossas vidas.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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