Nem sempre o que funciona em determinada plataforma consegue o mesmo êxito em outra. As várias adaptações de games já realizadas para o cinema são uma prova disso, uma vez que, na maioria das vezes, elas não conseguem encontrar o que seria o equilíbrio necessário para ganhar a simpatia dos espectadores – que nem sempre são, necessariamente, gamers, e podem estar apenas em busca de uma boa diversão nas telonas.
No caso de um nome de peso como Sonic, isso é ainda mais complicado, já que o personagem é um dos mais aclamados no mundo dos jogos, desde sua criação em 1991, pela desenvolvedora de jogos eletrônicos SEGA, de quem se tornou uma espécie de mascote oficial. De lá pra cá, o simpático ouriço azul já deu as caras em diversas versões de games, além de animações e incontáveis produtos licenciados com sua figura.
Quase três décadas depois, ele ganha sua primeira produção live-action e prova que ainda tem energia de sobra para fazer sucesso. “Sonic – o Filme” (Sonic the Hedgehog) apresenta uma trama bastante simples e fácil de ser entendida, inclusive pelo público infantil – um dos nítidos alvos do longa dirigido por Jeff Fowler.
A história roteirizada por Joshua Miller e Patrick Casey apresenta Sonic (voz de Bem Schwartz no original e Manolo Rey na versão brasileira) como um alienígena que precisa fugir de seu planeta natal para impedir que elementos de índole discutível, e que têm interesse em seu poder de gerar energia infinita, o capturem.
Vivendo sob a tutoria de uma sábia coruja de nome Garras Longas, o filhote de ouriço ganha uma bolsinha contendo anéis que servem para conduzi-lo a outros lugares, bastando para isso, arremessar um dos aros e pensar no local em que se quer chegar antes de atravessá-lo.
Após uma passagem de tempo, vemos o protagonista já adolescente, morando em uma caverna na Terra – mais especificamente na pacata cidade de Green Hill, nos Estados Unidos. Ainda que tenha suprimentos que permitem que leve uma vida sem dificuldades, ele começa a sentir o peso da solidão, afinal, são anos passados à mercê da sociedade, sob a ideia de que não seria aceito pelos habitantes de um planeta que não é seu.
Mas, seu anonimato cai por terra quando, após provocar – sem querer – um apagão que acomete toda a cidade e chama a atenção de governantes poderosos que contratam os serviços do renomado cientista Dr. Ivo “Eggman” Robotinik (Jim Carrey) para descobrir o que (ou quem) é o responsável por tal feito misterioso.
Bastaria a Sonic usar um dos anéis para escapara em segurança, mas a trama faz com que a solução não seja tão simples assim e coloca o pequeno ouriço em situações que vão de divertidas a perigosas, graças à perda de sua bolsinha contendo os artefatos dourados.
É nesse ponto que entra o Xerife Tom Wachowski (James Marsden), policial de bom coração e grandes ambições, que vê na proximidade com o protagonista, a chance de fazer algo mais louvável do que as coisas triviais que lhe são designadas em Green Hill.
Como já era de se esperar – mais ainda após a comoção causada pela mudança no primeiro visual divulgado pela Paramount Pictures, o grande destaque em tela é mesmo Sonic. O personagem brilha (de forma literal) e ganha força extra para continuar entre os favoritos dos gamers e imprimir seu nome entre o público que não o conhece previamente.
Mas é de se destacar – e muito – a participação de Jim Carrey, que faz o que sabe de melhor e entrega um personagem divertidíssimo, composto por ações caricatas, caras e bocas exageradas e que agrada mesmo quando fica clara sua intenção nada amigável.
O público da sessão que acompanhei tinha três camadas bastante distintas: os fãs dos jogos, os que não acompanharam essa fase e as crianças, e posso afirmar que todos conseguiram se divertir em algum momento. É claro que as referências às plataformas (sejam à SEGA ou a concorrentes) dão um ar ainda mais bacana a quem as entende, mas nenhuma tira a possibilidade de compreensão de quem não as conhece.
Vale muito conferir!
por Angela Debellis
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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