Crítica: O Homem Invisível

O ano de 2020 pode ser considerado um marco de vitória para Universal Pictures. “O Homem Invisível” (The Invisible Man) chega às telonas trazendo o que realmente faltava para os longas de terror: uma nova fórmula de assustar, sem personagens inventados e mirabolantes.

A realidade agora se faz presente, do início ao fim. Sabe-se que produzir uma boa história, capaz de provocar medo ao espectador, não é tarefa fácil, tendo-se como base os clichês já apresentados em outras produções, mas, o diretor Leigh Whannel encarou o desafio e mostrou o quão criativo ele é, e entrega um thriller de tirar o fôlego de quem o assiste.

Relacionamento abusivo, psicopatia, insanidade mental e uma dose de adrenalina. Esses foram os ingredientes usados por Leigh durante o desenvolvimento do longa-metragem, nada de monstros assustadores ou acidentes impactantes. O diferencial da produção está nos detalhes, os traços de realidade apresentados ao decorrer da narrativa são o elemento que mais impressiona.

Até onde o poder é capaz de influenciar na saúde mental? Qual o preço da liberdade? São questionamentos como esses que nos trazem a reflexão enquanto assistimos às cenas mais dramáticas e aterrorizantes do longa.

Elisabeth Moss dá vida a protagonista Cecilia Kass, em uma das melhores atuações já vistas em títulos do gênero. A atriz consegue, de maneira orgânica, representar uma mulher assustada, porém resignada com o que está vivendo e, principalmente, acaba por confundir o público em alguns momentos, deixando em dúvida quais as suas reais intenções.

Oliver Jackson-Cohen interpreta Adrian Griffin (marido de Cecília), um homem rico, inteligente e visivelmente desequilibrado. Quando descobre a fórmula para invisibilidade, usa disso para enlouquecer sua mulher que vive momentos aterrorizantes provocados por sua obsessão por ela.

É incrível como a trama consegue provocar terror e ao mesmo tempo curiosidade, em todas as cenas é possível identificar um ponto amedrontador. As locações usadas nas gravações passam pelas belas paisagens de São Francisco, até os hospitais psiquiátricos da Califórnia.

A maneira como a produção e a direção souberam conduzir cada trecho do filme impressiona, pela forma como o elenco soube se mostrar real e inteiramente sutil em suas atuações – o psicológico de todos são postos à prova, o que dá mais força para seus personagens.

O longa é uma releitura modernizada do romance de Herbert George Wells e faz jus para com as obras do escritor britânico. Com 125 minutos de duração, “O Homem Invisível” tem tudo para ter iniciado um novo ciclo para o gênero terror, com  outras maneiras de cativar os amantes de cinema, e opções interessantes para a criação de roteiros de produções futuras.

Para quem é fã de um bom suspense e amante das surpresas, certamente não pode deixar conferir nas telonas e se surpreender com um excelente thriller, cheio de adrenalina e impactos de realidade.

por Pompeu Filho

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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