“A Distância que nos une” (Alone with her Dreams / Picciridda), dirigido por Paolo Licata, conta a história de Lucia (Marta Castiglia), uma menina de 11 anos, que passa a morar com sua avó Maria (Lúcia Sardo), quando seus pais se mudam para a França no fim dos anos de 1960, à procura de uma melhor qualidade de vida.
Maria é uma mulher rígida e possui certa dificuldade em demonstrar seus sentimentos, enquanto Lucia é o seu oposto. Apesar do conflito familiar, e vivendo em um ambiente socialmente hostil, é justamente com a avó que a garota aprende a ser forte e a enfrentar os obstáculos da vida.
O drama italiano nos oferece uma história emocionante e nos instiga a dar atenção aos pequenos detalhes, sinalizando que encontraremos neles, as respostas que precisamos. Utiliza como pano de fundo, uma série de conflitos familiares, que servem como subterfúgios para alcançar assuntos específicos.
Embora não seja verbalizado, o longa aborda o abuso sexual e a forma como as vítimas são obrigadas a lidar com essa situação. Durante as últimas décadas, esse não era um assunto a ser debatido abertamente, e as mulheres que revelavam ter sofrido este tipo de agressão eram vistas com maus olhos e desonra perante a sociedade.
O filme que está disponível no Cinema Virtual busca retratar o assunto em aspectos aparentemente minimalistas, mas que foram muito bem aproveitados. O silêncio constante, diálogos curtos, a sensibilidade em sua forma abstrata, e até mesmo a fotografia do local onde ocorreram as gravações, contribuíram para que, apesar das circunstâncias, a história ainda fosse baseada em afeição.
Uma das grandes lições ensinadas na narrativa, é que nem sempre podemos confiar em uma história contada apenas por um lado, e que muitas vezes, o silêncio esconde segredos inimagináveis.
Baseado na obra Picciridda de Catena Fiorello, “A Distância que nos une” conta a história de mulheres fortes, que lutaram para aprender a lidar com suas dores, transformando-as em determinação, otimismo, e acima de tudo, coragem.
por Victória Profirio
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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