Não é de hoje que a indústria cinematográfica aposta em uma (estranha) espécie de glamourização da ilegalidade, tendo concebido grandes títulos com essa premissa.
O mais novo deles, “Magnatas do Crime” (Gentlemen), surge sob a direção / roteiro e produção precisos de Guy Ritchie, que entrega uma história repleta de reviravoltas e pontos que conseguem prender a atenção do público com facilidade, desde a sequência inicial ao som da ótima “Cumbeland Gap”, de David Rawlings.
Com um elenco estelar e vários personagens se destacando em algum momento, parece difícil encontrar um a quem chamar de protagonista, mas a verdade é que em todas as histórias – principais ou paralelas – um nome se faz presente de maneira impactante: o de Mickey Pearson (interpretado pelo sempre eficiente Matthew McConaughey).
Mickey é o bem sucedido detentor de um império composto pela das maiores – e mais produtivas – plantações de maconha do Reino Unido, contando para isso, com improváveis aliados, daqueles cuja idoneidade nunca seria colocada à prova à primeira vista.
É esse sucesso (e por consequência toda fortuna que veio com ele) que faz com que o personagem seja alvo de várias figuras que tencionam ocupar seu lugar, mesmo que para isso precisem tomar atitudes que desconhecem o significado de bom senso.
Entre seus aliados, o destaque fica para Ray (papel de Charlie Hunnam), cuja lealdade extrema acaba sendo posta em dúvida durante toda a produção, alternando tal pensamento em cada flashback exibido – e este é um recurso usado em grande quantidade, porém com a maestria já conhecida de Guy Ritchie.
Também vale falar sobre a qualidade do trabalho de Hugh Grant como o detetive de índole pra lá de questionável, Fletcher. É ele que serve como uma espécie de narrador para a trama, conseguindo alinhar cada acontecimento, para contar uma história rica em detalhes e surpresas.
Em dado momento, tive a impressão de que houve certo desequilíbrio do roteiro, que fez uso de um artifício que flertou com o mau gosto absoluto – embora a sequência não tenha nada de explícito, tudo fique subentendido. É aquele ponto em que é possível entender a motivação, mas não dá para justificar o ato.
Fora essa “derrapada”, e embora talvez pudesse ter uma duração um pouco menor, “Magnatas do Crime” é um filme muito envolvente e que, ainda que não acrescente nada novo ao gênero (o que está longe de ser um problema), consegue se reinventar a cada reviravolta apresentada pelo inteligente roteiro.
Vale conferir.
por Angela Debellis
*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.
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