Crítica: Ana

Os integrantes de algumas duplas parecem ter sido feitos para ficar juntos, desde a primeira vista. No caso dos protagonistas de “Ana” (Ana), essa não é uma verdade absoluta, mas a partir do momento em que a narrativa se desenvolve, facilmente o espectador se convence de que eles formam uma excelente equipe.

A trama da comédia dramática dirigida por Charles McDougall e roteirizada por Cris Cole se passa em Porto Rico e mostra a rotina do americano Rafael Gonzalez (Andy Garcia), que se muda para o país em busca de facilidades na venda de carros usados com isenção de impostos. Este é o cume de sua história, que tem por trás um relacionamento fracassado com os dois filhos.

Após um furacão devastar o país e durante a gravação de um de suas propagandas promocionais, Rafael conhece a pequena Ana (Dafne Keen), garota de 11 anos, moradora recente da casa em frente à loja do personagem. Com a prisão da mãe e o pouco caso (mesclado com agressões físicas) do padrasto, a vida da menina vira de cabeça para baixo de repente.

Ainda que não tenha nenhum tipo de obrigação de ajudar, e mesmo estando em uma situação bem desfavorável – já que teve todos os carros apreendidos até que pague suas dívidas, o que resulta em falência – Rafael se dispõe a deixar Ana em segurança, de preferência ao lado de algum familiar responsável. Para isso, partirá em busca do pai biológico da garota, em uma longa e surpreendente viagem.

É muito bom acompanhar como a interação dos personagens cresce a cada novo fato vivido durante o percurso. De maneira bastante natural, eles passam a agir em prol do outro, a fim de que ambos possam encontrar a redenção que procuram – seja familiar ou econômica.

Mesmo sendo nitidamente uma comédia, a produção que faz parte do Festival Cinema pelo Mundo, disponível no Cinema Virtual, conta com momentos emocionantes – em especial no que diz respeito a decepções causadas por quem deveria nos ter em conta. E, além da bem executada carga dramática, o longa ainda traz uma inesperada crítica ao sistema que envolve fraudes entre igreja e política – tema sempre pertinente à sociedade em geral.

O grande destaque fica para Andy Garcia e Dafne Keen. Ele, veterano do cinema, entrega mais uma ótima atuação. Ela segue provando seu valor como promissora atriz e, depois de conquistar público e crítica em “Logan” e “His Dark Materials: Fronteiras do Universo”, volta a encher os olhos dos espectadores com mais um trabalho primoroso.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto orginalmente publicado no site A Toupeira.

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