Crítica: Como Cães e Gatos 3: Peludos Unidos!

Mais do que as pretensões pouco louváveis de um vilão, os protagonistas de “Como Cães e Gatos 3: Peludos Unidos” (Cats & Dogs 3: Paws United!) precisarão enfrentar outra adversidade: ser um dos primeiros filmes a estrear nas telonas, depois da reabertura gradual dos cinemas brasileiros, que haviam interrompido suas atividades há cerca de sete meses, devido à pandemia de Covid-19.

Para atrair a atenção do público, o longa dirigido por Sean McNamara e roteirizado por Scott Bindley, conta com uma trama que deve ganhar a imediata simpatia de quem tem amor por animais e achará divertido vê-los atuando como verdadeiros agentes secretos, aptos a evitar que haja a quebra definitiva do elo de amizade que une humanos a animais – nesse caso, com mais evidência, obviamente, a cachorros e gatos.

Roger (voz de Max Greenfield, na versão original) e Gwen (voz de Melissa Rauch) trabalham para uma organização secreta – cuja sigla é a indefectível “PUNS” -, que visa manter o bom relacionamento entre caninos e felinos. O trabalho da dupla está longe de ser emocionante, afinal, não são agentes de campo, ficando apenas em uma das bases da agência, monitorando computadores que mostram vídeos, em tempo real, de animais do mundo todo.

Tudo muda quando surge um novo perigo na forma de um enigmático vilão, cuja intenção é impedir que o bom convívio entre humanos, cachorros e gatos, permaneça. Para isso, conta com o uso de uma espécie de frequência, detectável apenas por animais, que faz com que haja desavenças entre eles – o que, de maneira talvez rápida demais, incentiva as pessoas a cometerem abandonos e optarem pela adoção de outras espécies menos populares.

Quando Roger e Gwen precisam ir às ruas para ajudar na solução do caso, contam com a ajuda de dois outros cachorros em sua equipe: o experiente “Velho” Ed (voz de Garry Chalk) – para mim, o personagem mais interessante da produção – e o Duke (voz de Michael Daingerfield), cuja aparência inicial temível para alguns, esconde um coração imenso.

Embora o foco sejam as ações dos animais, ainda sobra espaço para subtramas envolvendo os adolescentes tutores da dupla protagonista: Max (Callum Seagram Airlie), tutor de Roger, enfrenta as cobranças próprias e de sua mãe, para que seja um campeão de tênis. Já Zoe (Sarah Giles), tutora de Gwen, precisa encontrar um jeito de ajudar seu pai – músico em declínio de carreira -, a fim de evitar que precisem se mudar para um local que não aceita a presença de sua gatinha de estimação.

Como nos capítulos anteriores da franquia, a história é bastante simples, mas nem por isso desinteressante. Ao focar nos mais diversos personagens animais – com destaque para o papagaio Pablo (voz de George Lopez), seu figurino incrível e sua história surpreendente -, o filme acerta, dentro do que se propõe.

Não há intenção de ser um blockbuster marcante que fez história por seus efeitos especiais de ponta, mas ainda assim, se o espectador colocar a trivial (e triste) descrença cotidiana de lado e se deixar levar pela possibilidade de ver nossos amados amigos de pelos/penas/escamas falando de maneira compreensível para nós (assim como na mais recente versão de “Dolittle”), a aventura torna-se muito agradável de acompanhar.

Em dado momento, Roger e Gwen divagam sobre a necessidade das pessoas terem amigos que possam responder suas perguntas, interagir em seus diálogos. Mal sabem eles, que suas “simples” presenças em nossas vidas, muitas vezes são as melhores respostas.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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