Crítica: Bill & Ted: Encare a Música

 

Parece altamente arriscado – talvez até mesmo desnecessário – dar continuidade a uma história depois de 29 anos. Mais ainda se isso envolver filmes queridos o bastante para se tornarem “clássicos” presentes na memória de tantos espectadores.

E é com isso em mente que “Bill & Ted: Encare a Música” (Bill & Ted: Face the Music) traz de volta uma das duplas mais bacanas do cinema, para um novo e inesperado capítulo envolvendo viagens no tempo e, é claro, muita música e situações engraçadas.

A trama se passa no ano de 2020 e mostra Bill Preston (Alex Winter) e Ted Logan (Keanu Reeves) tendo que se reinventar musical e profissionalmente, após o estrondoso sucesso de décadas passadas. Para isso, seguem apostando na profecia que os coloca como compositores da canção que unirá o universo – ainda que não façam a menor ideia de como executar tal feito.

Agora pais de duas garotas, Theodora “Thea” Preston (Samara Weaving) e Wilhelmina “Billie” Logan (Brigette Lundy-Paine), os amigos veem seus casamentos com as “ex-princesas” Joanna (Jayma Mays) e Elizabeth (Erin Hayes) em risco, o que acrescenta ainda mais pressão sobre eles e serve como base para uma das boas subtramas apresentadas pelo roteiro de Chris Matheson e Ed Solomon.

Quando Kelly (Kristen Schaal), filha de Rufus (personagem de destaque nos filmes anteriores, interpretado por George Carlin, falecido em 2008, que recebe justa homenagem), surge pedindo ajuda à dupla, começa de fato a ação. Em uma nova viagem temporal, eles avançam 700 anos no futuro, para descobrir que a tal canção salvadora precisa ser composta em 77 minutos, ou a realidade como a conhecemos não mais existirá.

Como mostrado em parte no trailer oficial, a dupla opta por encontrar suas versões mais velhas, a fim de “roubar” a melodia criada por eles em algum momento adiante, a fim de levá-la de volta ao passado e, com isso, impedir o colapso do futuro. Confuso? Talvez. Divertido? Com certeza.

Dirigida por Dean Parisot, a comédia é repleta de referências – especialmente no que diz respeito a grandes nomes da indústria musical, das mais diversas épocas e gêneros. É claro que quem já assistiu aos filmes anteriores vai acabar se divertindo mais ao perceber alguns detalhes ou rever certos personagens, mas, mesmo quem não conhece a história prévia, não deve ter grandes dificuldades em embarcar na jornada.

Com direito, até mesmo, à boa e velha guitarra imaginária, as atuações estão ótimas. É bastante visível o quanto o elenco parece estar se divertindo e isso faz uma grande diferença, em especial para os dois protagonistas que, mesmo após quase trinta anos, ainda conseguem imprimir (na medida certa), o mesmo estilo sagaz e espirituoso que fez tanto sucesso em 1989 e 1991, anos de lançamentos de “Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica” e “Bill & Ted: Dois Loucos no Tempo”, respectivamente.

Vale a pena conferir e sempre seguir o muito pertinente conselho: “Sejam excelentes uns com os outros… E deixem a festa rolar, caras!”.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

Comments are closed.