Crítica: Pequeninos – A Inocência não tem preço

O inevitável amadurecimento que chega com o passar dos anos, também traz consigo um dos fatos mais tristes de nossa existência nesse planeta: a consequente – e crescente – perda da capacidade de enxergar beleza nas coisas simples. Não que isso seja uma unanimidade, mas é fato que acomete a muitos, no final das contas.

Dirigido e roteirizado por Sergio Pucci, “Pequeninos – A Inocência não tem preço” (Güilas / Children of Summer) é composto por várias histórias curtas que mostram o que dá de melhor na infância: a inerente habilidade de transformar fatos corriqueiros, até mesmo banais, em algo único.

Através de narrativas descomplicadas, transitamos por momentos que trazem a nostalgia dessa época em nossas vidas. Da satisfação em tomar uma “raspadinha vermelha completa” (com direito àquele tipo de corante que impregnava na língua de forma implacável), ao desejo de dirigir um veículo de verdade – nesse caso, um trator -, enquanto puxa uma réplica de madeira em miniatura por uma cordinha.

Da fugacidade do primeiro amor de Verão, ao desejo incontrolável de tocar um instrumento musical – mesmo que seja em momentos inapropriados e não tenhamos a maior das vocações. Histórias que poderiam ter sido baseadas na vida da grande maioria dos espectadores e que, por isso mesmo, os aproxima da produção que, assim como a infância, passa em um piscar dos olhos, já que o filme tem apenas 114 minutos de duração.

As tramas da produção costa-riquenha têm como cenários as sete províncias do país e mostram elementos tradicionais dos locais, transformando a experiência de se ver a comédia em uma espécie de viagem através da tela.

Vale dizer que tal decisão estética pode parecer cansativa à parte dos espectadores, pela inclusão de algumas sequências que prezam por um ritmo mais lento, com tomadas mais detalhadas e demoradas – principalmente no que diz respeito à exibição de imagens de paisagens naturais associadas ao pouco (ou até mesmo, inexistente em alguns momentos) diálogo dos personagens em cena.

O longa é a estreia dessa semana na plataforma de streaming Cinema Virtual e é uma boa pedida para quem procura por algo despretensioso, que traga boas memórias e coloque um sorriso no rosto de quem assistir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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