Crítica: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio”

Sétimo título na linha cronológica que inclui os dois capítulos anteriores, além dos spin-offs de Annabelle – três, até aqui – e A Freira (oitavo, se considerarmos A Maldição da Chorona na lista), “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (The Conjuring: The Devil made me do it) chega aos cinemas como um dos melhores já apresentados pela aclamada franquia iniciada em 2013.

Com Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) no centro de um novo e misterioso caso, o que temos é uma das histórias mais emblemáticas da carreira dos demonologistas e, a primeira da saga principal a ser levada às telas sob a direção de Michael Chaves, cuja opção por intercalar – de maneira categórica – o suspense e o terror propriamente dito, é bem clara desde o começo.

Vista em partes no trailer oficial divulgado pela Warner Bros. Pictures, a sequência exibida logo no início da produção já mostra o poder da narrativa passada em 1981, na cidade americana de Brookfield, e conta com um dos melhores momentos, envolvendo brincadeiras de uma criança sobre um “inocente” colchão d’água.

David Glatzel (Julian Hiiliard) é um garoto de 11 anos que acaba possuído por uma força sobrenatural ao se mudar com sua família para uma casa cuja aparência em nada lembra as “tradicionais” residências mal-assombradas e, por isso mesmo, não seria um local temível de se habitar.

Após ver o filho sofrer por meses com as consequências causadas pelo que é, enfim, declarado como uma possessão, e sem nenhuma solução convencional encontrada, a mãe do menino solicita o trabalho dos Warrens, na tentativa de que eles consigam livrar o corpo e a alma de David de tamanho martírio que os consome.

Em mais uma bem executada (entenda-se impressionante) representação de um ritual de exorcismo, os resultados não são exatamente os esperados, o que faz com que o futuro cunhado do menino, Arne Cheyenne Johnson (Ruairi O’Connor), em um momento de desespero, desafie o demônio a possui-lo no lugar da criança. Se, por um lado, David volta a estar em segurança, agora o mal assume a forma do jovem que se tornará um dos pilares da narrativa contada através do roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick .

Ao assassinar seu patrão Bruno (Ronnie Gene Blenvins) com 22 facadas – e sem ter nenhum tipo de álibi viável, uma vez que todas as provas convergem para sua culpa pelo homicídio – Arne é condenado. Caberá a Lorraine e Ed conseguir o feito de ter, pela primeira vez na história da justiça americana, uma possessão demoníaca como atenuante em um crime.

Tudo funciona no filme, em especial, a evolução das descobertas do casal durante a investigação para se chegar ao cerne de suposta maldição. Esta, que se mostra muito mais perigosa e letal, com elementos que, se a princípio parecem desconectados, na verdade são as peças perfeitas para a montagem desse quebra-cabeça demoníaco.

Cabe também destacar as passagens que têm como foco o sobrenatural, com mais ênfase na habilidade de Lorraine de se conectar com um mundo que a maioria de nós não enxerga. Há dois momentos específicos que colocam tais dons mediúnicos ainda mais em xeque e que devem impactar o público.

Outro enorme acerto da obra é mostrar o lado mais humano dos personagens. As cenas em flasback das versões mais jovens de Lorraine e Ed são, além de belíssimas, necessárias para que o espectador entenda o grau da ligação que há os une a três décadas. Vale dizer que, mesmo diante de perigos iminentes, sobra espaço para pequenas demonstrações de cuidado entre eles. E, acredite: se isso ainda não tinha acontecido, é possível colocá-los entre os melhores pares das telonas.

Com uma aposta certeira em menos jumpscares (mas que seguem  presentes e com a mesma eficácia) e mais no poder da sugestão, “Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio” não apenas mantém, mas aumenta a excelência que transformou a franquia em um dos maiores êxitos do gênero terror.

A levar em conta o extenso material reunido pelos Warrens em sua longeva carreira, há de se esperar que ainda possa vir muita coisa interessante por aí. Estamos prontos para isso (ou não).

Imperdível.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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