Crítica: O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família

Por mais que eu goste de (muitos) personagens e (muitas) obras – literárias e/ou cinematográficas – costumo ter certo receio de continuações, pois sou do tipo que prefere acreditar no “Felizes Para Sempre”, sem questionar demais sobre o que aconteceu após o final das histórias.

Depois de ter me encantado com suas versões infantis, na produção de 2017, ter em tela as versões adultas de Tim (voz de James Marsden, no original) e Ted Templeton (voz de Alec Baldwin) em “O Podereso Chefinho 2 – Negócios da Família” (The Baby Boss: Family Bussiness) foi um pouco chocante. Mas saber mais sobre o futuro dos personagens acabou sendo surpreendentemente bacana.

Na trama baseada na obra de Marla Frazee e dirigida por Tom McGrath – que também assina o roteiro junto a Michael McCullers -, Tim vive no subúrbio com sua esposa Carol (Eva Longoria) e as duas filhas Tabitha (Ariana Greenblatt) e Tina (Amy Sedaris), assumindo o papel de cuidador da casa, enquanto Carol “ganha o pão” (literalmente, já que ela é uma padeira de sucesso).

Em contrapartida, Ted firmou uma sólida carreira como CEO de uma grande empresa e tem a errada, ainda que comum em dias atuais, impressão de que tudo pode ser resolvido com dinheiro – incluindo suas repetidas ausências em momentos familiares importantes, devido a uma carga de trabalho absurda.

O caminho da dupla se cruzará novamente graças à pequena Tina, que assim como seu tio quando criança, trabalha para a BabyCorp (Corporação administrada por bebês com inteligência de adultos). O perigo da vez surge na figura do Doutor Erwin Armstrong (voz de Jeff Goldblum), cujos planos maléficos incluem a dominação mundial da mente dos pais, a fim de que os pequenos tomem o poder de todas e quaisquer decisões.

A decisão de transformar os protagonistas em crianças de maneira temporária, a fim de que possam se infiltrar na escola dirigida por Armstrong é muito acertada. A sequência que mostra o retrocesso dos anos é absolutamente divertida e fica ainda melhor sob o som de “The Time Warp”, canção icônica que faz parte do musical “The Rock Horror Picture Show” – lançado em 1975, que segue conquistando fãs até hoje.

Se a sugestão de uma nova missão é bem-vinda, o que vale mais a pena no longa é a mensagem que é passada desde seu início, sobre a importância de se manter relações familiares saudáveis e frequentes.

Embora pareça (e talvez de fato seja) clichê, esse é um tema que costuma render boas reflexões, quando abordado pelos mais diversos gêneros – inclusive animações voltadas para o público mais infantil, mas que trazem elementos para prender a atenção do público adulto.

Tais artifícios vêm na forma de ótimas referências a obras da cultura pop e na própria trilha sonora, que ainda conta com um elegante trecho da atemporal “Strangers in the Night”, de Frank Sinatra. E por falar na trilha, a música tema da animação tornou-se uma das minhas favoritas (vale prestar atenção na delicadeza da letra).

“O Poderoso Chefinho 2: Segredos da Família” é uma adorável opção para toda a família.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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