Crítica: Shadow

China, período dos Três Reinos (220-280 DC). Esse é o cenário em que se passa a trama de “Shadow” (Ying), longa dirigido por Yimou Zhang, que também é responsável pelo roteiro ao lado de Wei Li.

Mesclando com maestria drama, ação e elementos históricos, o filme conta a história de Jing (Chao Deng), que após perder-se de sua mãe ainda muito jovem, é levado ao palácio real e criado para atuar como uma espécie de sósia de Yu (também interpretado por Chao Deng), que se tornaria o principal comandante do exército local – o que acaba de fato acontecendo quando o soldado se fere gravemente em uma batalha e acaba recluso em uma caverna secreta, enquanto sua “sombra” toma seu posto perante a sociedade.

Jing assume um grande risco ao, no papel de comandante, desafiar o mortalmente perigoso General Yang (Jun Hu), a fim de recuperar o controle sobre a cidade de Jing (cujo nome serviu de inspiração para identificar o soldado), perdida em batalha anos antes.

Tal feito não é aceito de bom grado pelo Rei de Pei (Ryan Zheng), jovem monarca que oscila entre momentos de surpreendente perspicácia e aparente egocentrismo e que parece “confortável” com um tratado de paz assumido entre as partes.

Com a disputa prestes a acontecer, Jing precisará tornar-se mais do que “apenas” uma figura ilustrativa. É hora – ainda que talvez tardiamente – de tornar-se efetivo como combatente de guerra. Para isso, ele contará com a inesperada ajuda da personagem identificada apenas como Senhora (Li Sun), esposa do Comandante Yu, que mostra-se fundamental na concepção dos movimentos que unem leveza e eficácia, graça e letalidade e que surgem como única chance de êxito na missão.

Conforme a narrativa avança durante 116 minutos, cresce o interesse em saber o rumo que os personagens seguirão, após a tomada de várias decisões conflitantes. De maneira belíssima – uma vez que o filme faz um uso impecável de recursos visuais que incluem uma paleta de cores baseada em preto, branco e cinza, além de figurinos e acessórios ricamente detalhados – a estrutura apresentada é a de uma produção com pertinentes críticas a regimes políticos radicais e tudo que acontece em seus bastidores.

Ainda exaltando a parte visual do longa (que fica ainda mais incrível quando vista em uma tela de cinema), cabe dizer que a sequência passada na ladeira principal da cidade de Jing é uma das mais incríveis. Assim como as cenas envolvendo movimentos de luta em câmera lenta, que seguem com sua beleza já conhecida de outros títulos do gênero.

Quanto à história em si, é válido afirmar que, mesmo o espectador mais astuto, poderá se surpreender, em especial com os momentos finais, quando reviravoltas em sequência conseguem manter o interesse em alta, até a última cena – com direito a um final em aberto que serve como ótimo ponto para várias teorias sobre o que aconteceu com determinados personagens após os créditos finais serem exibidos.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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