Crítica: “As Agentes 355”

Vivemos em uma era (que poderia ser, mas não é, momentânea), na qual é cada vez mais difícil satisfazer as pessoas, seja qual for o âmbito em questão. No caso de um filme, se este aposta em elementos considerados “clichês”, é tachado de repetitivo; se, por outro lado, investe em algo muito original, nem sempre é compreendido.

Talvez com esse pensamento ativo, “As Agentes 355” (The 355) chega aos cinemas com uma história que traz o que há de mais interessante em filmes de ação / espionagem sob a ótica de cinco protagonistas distintas, cujas diferenças precisarão ser deixadas de lado, devido a um objetivo em comum.

Quando um dispositivo letal, capaz de controlar os mais diversos tipos de equipamentos – causando de quedas simultâneas de aviões a blecautes que atingem países inteiros – é disputado por milionários do mundo do crime, caberá às tais agentes do título impedir desastres que afetariam globalmente a população (e que poderiam, inclusive, até mesmo iniciar a tão temida Terceira Guerra Mundial).

Cada personagem carrega características que serão os pilares para que os espectadores comprem a ideia de braços abertos ou não se sintam convencidos pelo roteiro de Theresa Rebeck e Simon Kinberg – este, que também assume a direção do filme.

Da espiã americana de histórico irretocável (Mason Browne, vivida por Jessica Chastain), à agente alemã que parece lidar bem com seu aparente sangue frio, embora carregue traumas de infância (Marie Schmidt, papel de Diane Kruger). Passando pela britânica exímia especialista em assuntos tecnológicos (Khadijah Adiyeme, interpretada por Lupita Nyong’o) e pela terapeuta colombiana Graciela Rivera (Penélope Cruz), cuja presença surpreende num campo tão diferente de sua área e é destaque nas sequências mais inesperadamente divertidas da produção.

Esse quarteto é quem aparece em tela na maior parte do tempo e que enfrentará os mais variados perigos, incluindo cenas de ação que envolvem lutas (algumas talvez um pouco longas do que o necessário, mas mantendo o interesse). A quinta personagem, a chinesa Lin Mi Sheng (Fan Bingbing) tem uma participação bastante reduzida, mas dá conta do recado do instante em que é inserida na trama.

Mostrando grande desenvoltura, seja no manejo de armas ou em combates físicos com ameaçadores oponentes, com direito a bons disfarces e equipamentos de espionagem que conectam eficiência e classe, as personagens mostram a que vieram desde o início da exibição e conseguem sustentar o ritmo até o final.

Com um elenco predominantemente feminino, sobra pouco espaço para Sebastian Stan (como Nick Fowler, o agente parceiro de Mason) e Edgar Ramírez (como o soldado Luis Roja, que toma posse do dispositivo após uma errônea operação contra um cartel de drogas na Colômbia). Porém, mesmo com curtas aparições, ambos são importantes para o desenvolvimento da história.

Vale conferir.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.

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