Crítica: “Dog – A Aventura de uma Vida”

Classificar “Dog – A Aventura de uma Vida” (Dog) como “apenas mais um filme de cachorro” é resumir de maneira injusta e simplista a produção que marca a estreia de Channing Tatum na direção (função que assume junto a Reid Carolin, responsável pelo roteiro com Brett Rodriguez).

Ao som da ótima canção “How Lucky”, de John Prine, a sequência de abertura faz um adorável resumo da vida da pastora belga Lulu (interpretada por três cachorras diferentes, Zuza, Britta e Lana 5), desde seu nascimento, até a ação propriamente dita, ao lado de seu tutor Riley Rodriguez (Eric Urbztondo), e já torna possível imaginar o quão tocante será a história.

A trama gira em torno de Jackson Briggs (Channing Tatum), ex-soldado afastado de suas funções após um traumatismo craniano sofrido em batalha, que lhe causa convulsões e cujo agravamento pode levá-lo a óbito.

Inconformado com a dispensa precoce, ele tenta a todo custo mostra-se capaz de retornar ao exército e após várias negativas a seu pedido, ele vê a chance de alcançar seu objetivo ao ser designado para uma inesperada função: levar Lulu, ao funeral de Riley – seu tutor, treinador de cães e ex-companheiro de guerra de Briggs.

Para isso, terão que cruzar a Costa do Pacífico de carro, em três dias, o que significa que passarão pelas mais diversas situações, algumas bem problemáticas, já que Lulu desenvolveu um comportamento agressivo após ser ferida em combate, o que também levou à dispensa de seu trabalho (mesmo tendo sucesso em dezenas de missões de resgate) – motivo pelo qual será submetida à eutanásia, após comparecer à cerimônia de enterro.

O caminho da dupla será marcado por vários temas distintos, mas um é que dará o tom à narrativa: superação. Por mais que pareçam incompatíveis à primeira vista, conforme a história avança – e o tempo para chegar ao seu destino diminui – é fácil perceber o quanto Lulu e Briggs têm em comum, em especial no que diz respeito a serem peças “descartáveis” diante de uma sociedade que nem sempre consegue demonstrar a devida gratidão àqueles que tanto fazem por ela.

Não há grandes reviravoltas, o texto é simples e previsível, assim como a rotina dos cachorros em geral, e isso é encantador. Não é preciso inventar nada mirabolante para fazer com que os espectadores se emocionem e, mesmo imaginando o que vem pela frente, continuem torcendo e vibrando por todo e qualquer êxito dos personagens.

A boa trilha sonora original é assinada por Thomas Newman e ainda conta com faixas incríveis como “The Gambler”, de Kenny Rogers e “Starting Over”, de Chris Stapelton, cujas letras carregam tanto significado quanto o que vemos em tela.

Obviamente, quem ama cachorros vai aproveitar e se deixar envolver muito mais por “Dog – A Aventura de uma Vida”. Até mesmo por saber que, cada dia passado ao lado de nossos companheiros animais é mesmo uma aventura que merece ser celebrada.

Ao sair da sala, aproveite o coração quentinho e pense com carinho ajudar um animal em situação de rua ou fazer uma doação a alguma ONG que cuida daqueles que ainda não encontraram um lar para chamar de seu.

por Angela Debellis

*Texto publicado originalmente no Site A Toupeira.

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